André Guilherme Vieira | Valor Econômico
SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou ontem que o partido vive "o momento mais difícil desde a sua fundação" e se propôs a tentar conciliar a disputa pela presidência do comando da sigla. O partido é presidido pelo senador Aécio Neves (MG), que está licenciado. Está em seu lugar como interino o senador Tasso Jereissati (CE) e o governador de Goiás, Marconi Perillo, já se apresentou como candidato.
O tucano defendeu que o senador Tasso Jereissati (CE) continue presidindo interinamente a sigla até a reunião da direção nacional da legenda, que ocorrerá em 9 de dezembro. O presidente eleito do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afastou-se do cargo no dia 18 de maio, após ser gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista e de ser acusado de corrupção pela Operação Patmos, deflagrada por Procuradoria-Geral da República (PGR) e Polícia Federal (PF).
"Acho importante o Tasso ficar. Não é um momento fácil esse que o PSDB está atravessando. É um dos momentos mais difíceis", admitiu Alckmin, que é pré-candidato à presidência da República e poderá disputar prévias com o prefeito paulistano João Doria. O governador recebeu ontem a visita em São Paulo de Marconi Perillo, mas se esquivou de apoiar publicamente o goiano. "Eu não sei se tanto o Marconi quanto o Tasso efetivamente serão candidatos. Eu vou fazer o máximo para buscar a convergência no partido", disse. Ontem, Tasso deixou claro que deve concorrer ao comando nacional do PSDB. O senador cearense defendeu publicamente este ano o afastamento da sigla em relação ao Palácio do Planalto. Marconi defendeu a posição oposta.
A permanência de Tasso até dezembro também foi defendida pelo governador de Goiás, que se reuniu com Alckmin na sede do governo paulista para discutir a sucessão tucana. Na quarta-feira, Aécio comunicou ao partido que não renunciará à presidência. Tasso chegou a dizer que deixaria a função, se Aécio não se retirasse da presidência da legenda.
"Não há razão para o Tasso sair. Ele está indo bem, é respeitado por todos. É desnecessário fazer uma mudança a essa altura. A mudança será feita em 9 de dezembro. Apesar de o Aécio ter legitimidade como presidente eleito do partido, está licenciado, não está participando das decisões", disse Marconi.
O governador goiano avaliou Alckmin como "fortíssimo nome à Presidência", observando o resultado das eleições municipais de 2016, em que o PT e a esquerdas sofreram derrotas massivas.
Também ontem, o governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg (PSB), sinalizou com uma aliança de seu partido com o PSDB, caso a candidatura de Alckmin ao Planalto seja confirmada.
"O governador Geraldo Alckmin tem o apreço do PSB e é uma possibilidade concreta que está colocada hoje no cenário de alianças do partido", disse.
Candidato à reeleição do governo do Distrito Federal, Rollemberg afirmou que as conversas do PSDB com o PSB vão continuar até que os partidos fechem um entendimento sobre a composição da aliança "no momento adequado".
Alckmin assinou ontem convênio com o governo do Distrito Federal para implantação de acordo de cooperação visando a redução de acidentes de trânsito em São Paulo e em Brasília.
Indagado se chegou a um 'acordo de paz' com João Doria, seu principal adversário como presidenciável dentro do partido, Alckmin disse que não há razão para buscar um armistício.
"Não há nenhuma razão para um armistício. Nós tomamos um café. Aliás, temos feito isso periodicamente. Domingo até estaremos juntos na convenção municipal [do PSDB]". Alckmin e Doria jantaram no dia 24.
O governador negou que tenha se referido a Doria com desdém, em conversa com um aliado.
"Saiu em órgão de imprensa que eu teria falado com desdém sobre o prefeito. De jeito nenhum. Enorme apreço, enorme apreço ao prefeito, que é meu amigo há mais de 30 anos", garantiu Alckmin.
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