Por Bruno Villas Bôas | Valor Econômico
RIO - Possível candidato à Presidência da República pelo PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não descartou a possibilidade de uma chapa puro-sangue do partido em 2018, mas considera essa uma hipótese menos provável. Nos bastidores, comenta-se o interesse por um vice do Nordeste, região onde tucanos têm menor presença.
Segundo ele, o PSDB deverá definir seu candidato à presidência da República no início do próximo ano. O pré-candidato reconheceu que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem liderança e força eleitoral em algumas regiões do país, mas que não seria mais "uma unanimidade no Nordeste" e que a intenção de votos no candidato petista teria chegado ao teto, na faixa dos "trinta e poucos porcento".
Alckmin e Lula se confrontaram em 2006, mas a diferença da campanha eleitoral daquela época para a do ano que vem é o fator reeleição, segundo o governador paulista. "Eu fui reeleito duas vezes. É covardia. Até a Dilma foi reeleita. Não tem como perder. Nos EUA se fala que o mandato é de oito anos, podendo ser interrompido. Então, a diferença é que lá [em 2006] teve a reeleição", disse o pré-candidato.
"A população é que vai julgar. A Dilma foi ele [Lula] quem escolheu. Escolheu o Temer, chapa do PT. Presidente e vice. A população vai decidir mais à frente. Estamos preparados para enfrentar o candidato mais forte do PT, que é o Lula. Já fiz em 2006 e ganhei em 11 Estados brasileiros. Vai ser um bom tira-teima", disse.
Uma pesquisa Ibope divulgada no fim de outubro mostrou que Lula lidera a corrida presidencial. Se as eleições fossem realizadas no fim daquele mês, Lula teria 35% dos votos, contra 13% do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC). Nessa pesquisa, Alckmin aparece com 5% das intenções de voto, atrás da ex-senadora Marina Silva (Rede), com 8%.
Alckmin participou ontem do seminário "E agora, Brasil?", promovido pelo jornal "O Globo".
Questionado sobre as pesquisas, o governador paulista minimizou os resultados. Em conversa com jornalistas após o seminário, disse não se impressionar com as pesquisas um ano antes das eleições. "A definição do voto é mais próxima ao período eleitoral", disse. "A pesquisa tem valor estatístico, mas não político."
Ele voltou a afirmar, contudo, que não é candidato para derrotar Lula ou Jair Bolsonaro, mas sim para "mudar o Brasil". "Ninguém vota em ninguém para derrotar o outro. Precisamos é levar mensagem que seja verdadeira, que aborde temas importantes".
Alckmin disse que os compromissos do partido com a agenda de reformas não mudam com um eventual desembarque do governo Michel Temer (PMDB), a ser definido pela convenção nacional do partido marcada para 9 de dezembro.
"O presidente e o Brasil podem contar conosco em medidas que sejam para retomar emprego, uma agenda de competitividade e modernização do Brasil. Não precisamos necessariamente ter ministro", disse Alckmin.
O governador rechaçou ser candidato à presidência nacional do PSDB, diante da fase turbulenta enfrentada pelo partido após a delação de empresários da JBS. O partido tem atualmente dois candidatos: o senador Tasso Jereissati (CE) e ao governador de Goiás, Marconi Perillo.
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