Presidente da Petrobrás, Pedro Parente, e secretária executiva do MEC, Maria Helena Guimarães, devem permanecer no governo Michel Temer
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Pedro Venceslau Vera Rosa / O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O anunciado desembarque do PSDB do governo Michel Temer não vai abranger os tucanos em cargos de segundo e terceiro escalões. Entre os quadros que devem ficar na equipe estão a secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães, e o presidente da Petrobrás, Pedro Parente. Se algum ministro tucano permanecer na Esplanada após a convenção do PSDB, em 9 de dezembro, será considerado da “cota pessoal” de Temer e não haverá punições.
“Seria um descalabro pedir para pessoas que estão contribuindo com o País que saiam do governo. Não são só ministros (tucanos), mas dezenas de pessoas em várias áreas. O presidente da Petrobrás, Pedro Parente, por exemplo, é ligado a nós historicamente”, disse ao Estado o ex-governador Alberto Goldman, presidente interino do partido.
Quando montou sua equipe após o impeachment de Dilma Rousseff, Temer buscou especialistas com o “DNA” do PSDB para atuar em vários níveis da administração.
Cotada para assumir o Ministério da Educação quando o titular Mendonça Filho (DEM) deixar o cargo para disputar a eleição em Pernambuco, provavelmente no fim de março, Maria Helena também deve ficar com técnicos do PSDB.
Em caráter reservado, muitos tucanos afirmam que só deixarão seus postos se houver uma ruptura entre o PMDB e o PSDB no processo eleitoral do próximo ano.
“Se estivéssemos indo para a oposição seria o caso de todos deixarem seus cargos, mas não é”, insistiu Goldman.
O debate sobre a saída do PSDB do governo perdeu força, apesar de um dos candidatos à presidência do partido – o senador Tasso Jereissati (CE) – defender a proposta. O governador de Goiás, Marconi Perillo, também disputará o comando do PSDB, com o apoio do Palácio do Planalto, e é favorável à permanência dos tucanos no Executivo.
Temer nomeou ontem o deputado Alexandre Baldy para o Ministério das Cidades. A posse de Baldy, que ganhou o cargo após Bruno Araújo (PSDB) pedir demissão, será realizada às 15h30 de hoje, no Palácio do Planalto. O novo titular das Cidades vai se filiar ao PP, partido que compõe o bloco parlamentar conhecido como Centrão. Araújo abriu caminho para a reforma ministerial em meio ao racha no PSDB. Ainda na seara tucana também devem sair o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, e a titular dos Direitos Humanos, Luislinda Valois. O chanceler Aloysio Nunes Ferreira ficará na equipe.
“O PSDB vai fazer uma convenção para nos tirar do governo? Não acredito nisso”, disse ao Estado o ministro das Relações Exteriores, que concorrerá à reeleição ao Senado, em 2018. “O desembarque não pode ser o foco de um partido que já governou o País e tem ambição de voltar a governá-lo.”
Na avaliação de Aloysio, em vez de se pautar por uma disputa de “facções”, o PSDB deveria se debruçar sobre sua plataforma para as eleições. “Vamos romper com o governo, ir para a oposição e fazer aliança com o PT e o PSOL?”, provocou.
Chancela. Apesar de manter pontes com a gestão Temer, o PSDB não vai chancelar qualquer indicação de líderes do partido para assumir novos cargos. “Se existe alguém fazendo sugestões de nomes eu não sei. Mas uma coisa é certa: não faremos institucionalmente indicação ou sugestão de nome para lugar nenhum”, argumentou Goldman.
A Executiva Nacional do PSDB vai se reunir hoje, em Brasília, para discutir a proposta de reforma da Previdência e analisar o cenário político. Embora dirigentes sustentem que os tucanos sempre apoiaram mudanças na aposentadoria, há uma divisão na bancada e o PSDB pode liberar o voto. Tasso Jereissati não comparecerá à reunião.
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