Aliados de Temer responderam a ultimato dado por FH em artigo
Maria Lima e Leticia Fernandes / O Globo
-BRASÍLIA- Irritados com a pressão dos tucanos que pregam o desembarque do governo já em dezembro, na convenção nacional do partido, interlocutores do presidente Michel Temer e lideranças do PMDB já falam abertamente que essa ruptura pode inviabilizar uma aliança futura para apoiar o candidato do PSDB a presidente no ano que vem. O ultimato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com críticas duras ao PMDB e ao governo, pode azedar de vez a parceria dos tucanos com o PMDB nacional.
Apesar do incômodo evidente, o presidente Michel Temer disse ontem que não ficou “irritado ou magoado” com as críticas do ex-presidente. A expectativa no Palácio do Planalto é que o PSDB, que ocupa quatro ministérios na gestão Temer, mantenha o apoio à administração do peemedebista e que o ajude a aprovar matérias prioritárias, em especial a reforma da Previdência.
— Tenho mais de 30 anos de vida pública para ficar irritado ou magoado com alguém por escrever um artigo — disse o presidente, segundo assessores.
Apesar de Temer não ter subido o tom contra FH, auxiliares do Palácio avaliam, por outro lado, que “ninguém está no governo obrigado” e apostam que o PSDB não sairá em dezembro, como defende Fernando Henrique e uma ala do partido. Para alguns auxiliares do presidente, o timing do desembarque tucano “já passou”.
Ontem, o líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi, provocou os aliados, afirmando que caso os tucanos já estejam decididos pelo rompimento, não há por que esperar até dezembro.
— Se a decisão política do PSDB de sair do governo já está tomada, não vejo sentido em esperar até dezembro — disse o governista.
A posição de Fernando Henrique, em artigo publicado domingo no GLOBO, incendiou os peemedebistas.
— Não existe no PMDB, hoje, ambiente para uma aliança com o PSDB. Principalmente se o candidato for o governador Alckmin — reagiu o vice-líder e interlocutor próximo de Temer, deputado Carlos Marun (PMDB-MS).
SAÍDA CAUTELOSA
Pré-candidato do PSDB à Presidência, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tem sido cauteloso para falar sobre o processo de desembarque do governo, para não atrapalhar uma eventual aliança em 2018. O governador de Goiás, Marconi Perillo, que disputará com Tasso a presidência do PSDB, também já diz que chegou a hora de cuidar do seu projeto para a eleição. Mas defendeu um desembarque “com educação” a partir do fim do ano.
Já os tucanos governistas temem que o desembarque, agora, não vai neutralizar o desgaste do apoio já dado, além de impedir que os candidatos tucanos possam capitalizar a retomada da economia.
— Vamos fazer o quê depois do desembarque? Romper com o governo e partir para a oposição? Ou vamos, já desembarcados, continuar apoiando o governo? Desembarcar do governo não é uma operação tão singela como desembarcar de um trem ou da barca de Niterói — diz o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira.
O presidente interino Tasso Jereissati jogou para os 24 deputados que o apoiam uma decisão sobre desistir de ser candidato, caso Marconi Perillo se comprometa a liderar o movimento pela saída do governo. Tasso quer convencer Perillo a assumir o compromisso de sair do governo em jantar que está marcado para a noite de hoje, em Brasília. (Colaborou Catarina Alencastro)
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