Thais Bilenky / Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta segunda-feira (6) que "não é candidato a presidente do PSDB e sugeriu que a nova direção partidária seja composta pelas duas alas tucanas em disputa.
"Não tenho nenhuma pretensão de presidir o partido e todo o nosso esforço é de uni-lo", disse o tucano, no Palácio dos Bandeirantes.
Apesar das declarações públicas, tucanos captam interesse de Alckmin no posto, e aliados trabalham para viabilizá-lo no comando do partido. Interlocutores do governador paulista dizem que a intenção é que seu nome surja como solução para o problema da disputa interna.
Há meses, o PSDB vive um racha em torno do apoio ao governo do presidente Michel Temer. A ala governista, liderada pelo senador Aécio Neves, defende o nome do governador de Goiás, Marconi Perillo, para assumir o partido a partir de dezembro, ainda que o goiano tenha defendido o desembarque.
A ala crítica a Temer quer o senador Tasso Jereissati (CE), que assumiu interinamente a presidência da sigla após o afastamento de Aécio.
Questionado, Alckmin minimizou o racha. "É natural que partidos grandes tenham boas lideranças, [que] possam ter posições divergentes. Isso não é nenhuma briga, não, faz parte", disse.
"Por que não os dois [Tasso e Perillo] participarem da direção do partido?", sugeriu, em uma fala interpretada por auxiliares como indicativa de sua disposição em assumir o comando do PSDB.
O controle da máquina partidária seria estratégico para Alckmin, que trabalha para se viabilizar como o candidato tucano à Presidência.
O presidente do partido controla a distribuição dos recursos partidários, do tempo de televisão e os cargos, além de determinar o rito da escolha do candidato. O governador paulista defende prévias.
FHC
Ao comentar artigo publicado pelo jornal "O Globo" em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu que o PSDB saia do governo em dezembro, Alckmin disse que a decisão cabe a Temer e aos ministros.
O governador elogiou o "enorme espírito público" de FHC. "É sempre uma palavra que é sempre ouvida."
Alckmin voltou a afirmar que o compromisso do partido deve ser com a agenda de reformas do governo, e não necessariamente com os cargos na administração federal.
Também presente, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB) não quis comentar o tema. "Temos que ouvir, obviamente, o governador", disse Doria.
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