Por Vandson Lima, Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro | Valor Econômico
SÃO PAULO - Defendido pelos chamados "cabeças-pretas" do PSDB para continuar no comando da sigla, o presidente interino Tasso Jereissati (CE) ganhou reforço em sua possível candidatura. Intelectuais ligados à legenda, Bolivar Lamounier, Edmar Bacha, Elena Landau, Luiz Roberto Cunha e Pérsio Arida divulgaram ontem um manifesto em seu apoio.
"Este é um manifesto em apoio à candidatura de Tasso à Presidência do PSDB. Mais do que nomes ou correntes partidárias, o que está em jogo é a postura que do partido diante do governo Temer", anuncia o longo texto, que enumera propostas e caminhos para os tucanos na política econômica e na agenda social.
"O PSDB deve aprovar as reformas que modernizem o Brasil. Mas não deve participar de um governo que não parece ter se comportado de acordo com os preceitos éticos", aponta o texto. "O PSDB precisa voltar a ser o PSDB do Plano Real, capaz de formular e implementar a agenda de reformas necessária para que o Brasil volte a crescer".
Caberá ao novo presidente do partido, a ser escolhido em convenção no dia 9 de dezembro, "conduzir as discussões que levarão a um novo programa do PSDB. Ninguém melhor do que Tasso Jereissati para liderar esse processo", anota o manifesto. Entre as teses do grupo, está a necessidade de o PSDB defender que não haja aumento da carga tributária ("se a alíquota de um imposto aumentar, a de outro deve ser reduzida"); redefinição do papel do Estado: do produtor/financiador para o regulador e planejador; e a reforma da Previdência Social.
A defesa do desembarque do governo tem ganhado ares de unanimidade no PSDB nos últimos dias. Mesmo dentro do grupo governista já há defensores de que o partido deve entregar os ministérios e cargos. Esses tucanos, contudo, pregam que essa discussão não é a central e só "serviria para agradar as redes sociais".
O debate que deveria movimentar a legenda, na visão deles, é quem será o presidente do PSDB, qual seu presidenciável e o programa para 2018. Presidente do PSDB de Goiás e aliado do já candidato ao comando tucano Marconi Perillo, o deputado Giuseppe Vecci diz que o partido precisa começar a construir seu programa eleitoral para se reunificar. "Desembarcar ou não do governo não entendo como relevante para nós. Mas, como isso tem nos dividido, o que tiver apoio da maioria, eu topo".
Da ala contrária a Temer, o deputado Jutahy Junior (BA) também defendeu que o partido vire a página. "O que nos aglutinará será a candidatura presidencial", disse. O timing, contudo, causa divergências. Para Jutahy, a convenção em dezembro será o melhor momento para deixar o governo, por ser uma decisão partidária. Já o presidente da bancada ruralista, Nilson Leitão (MT), defende dezembro como melhor momento para discussão - mas não necessariamente para o desembarque.
Aliados do senador Aécio Neves (MG), querem empurrar essa data para março. Já o grupo do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, favorito no PSDB para ocupar a vaga de presidenciável, sustenta que a saída do governo Temer deve ocorrer já em dezembro, para desvincular a sigla do presidente.
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