- Folha de S. Paulo
É incrível a velocidade com que o PSDB conseguiu se esfacelar. Apenas um ano atrás, o partido despontava do pleito municipal como o grande vencedor.
Enquanto os petistas viram o número de prefeituras que controlavam no país despencar de 644 para 254 (queda de 61%), os tucanos conquistaram 803 municípios (tinham 701) e ampliaram a população sob sua administração de 25,8 milhões para 48,7 milhões, salto de 89%.
Hoje, porém, os tucanos estão à beira de um racha, e a imagem do partido se encontra tão desgastada quanto a do PT. Como revelou a coluna Painel, pesquisa interna da legenda mostra que 75% dos brasileiros não acreditam que o próximo presidente será um tucano. O que ocorreu? A própria sondagem indica motivos para a guinada: participação no governo Temer, brigas e o caso Aécio.
A primeira até impunha uma decisão difícil. Depois de ter apoiado o impeachment de Dilma, o PSDB não poderia simplesmente colocar-se como oposição a Temer. A escolha era entre integrar a administração, assumindo ministérios, ou só votar a favor das medidas que considerasse positivas para o país. Obviamente a fome por cargos prevaleceu sobre a posição mais neutra, mas que daria maior independência para o partido.
As disputas intestinas até já fazem parte do DNA do PSDB, mas é o caso Aécio que desafia o bom senso. É incrível que, mesmo depois de divulgado o teor da conversa de Aécio com Joesley Batista, o senador tenha sido mantido não apenas nos quadros do partido como na presidência da legenda (ainda que licenciado).
Aécio deve ter todas as oportunidades de se defender na Justiça, mas um partido que queira parecer ético não pode dar abrigo a um político que, em gravação, pede dinheiro a um empresário. Ao deixar de agir com veemência contra um membro ilustre, o PSDB revela que usa a ética mais como bandeira eleitoral do que como princípio assimilado.
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