Com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, as preocupações mundiais com o meio ambiente aumentaram. Adversário assumido de políticas de contenção de emissões de carbono, o novo presidente logo se colocou contra o Acordo de Paris e, num gesto mais do que marcante, nomeou para a agência de proteção ambiental, EPA, em inglês, o secretário de Justiça do estado de Oklahoma, Scott Pruitt, ligado às indústrias do carvão e petróleo, autor de medidas judiciais contra atos do governo Obama de mitigação da emissão de gases. Nada mais parecido com a velha imagem da raposa que monta guarda no galinheiro.
Neste momento de incertezas sobre ações multilaterais para se atingir a meta de conter a elevação da temperatura média, até 2100, a no máximo dois graus centígrados sobre o nível verificado na era préindustrial, em fins do século XVII, o Brasil colhe vitórias neste campo, mas também semeia temores.
A meta corre perigo com Trump em Washington — embora haja reações importantes de empresas e estados americanos em favor do Acordo de Paris, no qual foi estabelecido este objetivo, em dezembro de 2015.
Gráficos ao lado indicam avanços importantes no principal foco de emissões brasileiro, o manejo das florestas. Há substanciais quedas no desmatamento na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica. Mas isso não anima. Na Mata Atlântica, porque ela já foi quase toda destruída; no Cerrado, porque, mesmo com a redução da destruição, ela continua, e num bioma de capital importância para a muitos rios do país. Daí chamar-se o Cerrado de a “caixa d’água” brasileira. Já a Amazônia enfrenta pressões constantes de grupos bem situados em Brasília, para redefinir áreas de proteção.
São emblemáticas as idas e vindas do governo Temer em torno da Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados), liberando 47 mil quilômetros quadrados para exploração mineral, e depois recuando diante da repercussão mundial. Mas o assunto continua em pauta. O mesmo se pode dizer da tentativa de mudar o status da Floresta Nacional de Jamanxim, para permitir garimpo e desmatamento. Também houve recuo, mas o futuro é incerto.
Faz todo sentido, portanto, que entidades internacionais de defesa do meio ambiente considerem o Brasil um caso a continuar a ser observado com atenção.
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