- Folha de S. Paulo
"Lamentavelmente se antecipou muito a campanha. Acho que temos que seguir o calendário legal, e o calendário legal exige que a partir do ano que vem se pense na campanha. Lamentavelmente é um clima de campanha, e eu não acho útil isso", reagiu Michel Temer.
Na época vice-presidente da República, o emedebista comentava, em 27 de novembro de 2013, o embate público que PSDB e PT travavam sobre o caso do cartel de trens e metrô delatado pela empresa alemã Siemens ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Sob impacto do acordo de leniência da multinacional, que jogara suspeitas de fraude sobre as gestões Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, tucanos buscavam erigir uma cortina de fumaça. Empenhavam-se em desqualificar a denúncia e acusavam o governo petista de Dilma Rousseff de criar um roteiro para prejudicar adversários políticos.
Ao então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, era atribuída uma tentativa de reeditar o "escândalo dos aloprados" —quando petistas foram flagrados comprando dossiê contra Serra nas eleições de 2006.
Temer agora está à frente do governo que investiga novos indícios de cartelem obras empreendidas por administrações do PSDB. O Cade fechou acordos com a Camargo Corrêa e a Odebrecht, nos quais as empreiteiras confessam as irregularidades.
A divulgação dos malfeitos atinge diretamente o presidenciável tucano, que urgiu em responder com mesma artilharia usada em 2013: o Estado de São Paulo foi vítima do cartel, processará as empresas e cobrará ressarcimento aos cofres públicos pelos supostos prejuízos financeiros.
Em Brasília, questiona-se o timing para a emersão dos fatos, justo quando Alckmin conquistava terreno no espectro de centro-direita na corrida ao Palácio do Planalto. O Cade está sob jurisdição partidária do MDB, de Temer, e debaixo de forte influência de políticos do PP, sigla do centrão.
Há clima de campanha.
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