“A esquerda não deve contemplar com receio a globalização. Ela favorece o desenvolvimento econômico e a conquista de qualidade de vida mais elevada.
Aproxima mercados, mas também povos e culturas. É verdade que despontaram novas desigualdades e as antigas voltaram a superfície. É verdade que a insegurança é o novo sentimento que afeta os indivíduos e a sociedade como um todo. Adicione-se a dúvida com relação ao trabalho, ao futuro da aposentadoria, às transformações da estrutura familiar, o perigo com o aumento da marginalidade e da criminalidade. É uma circunstância nova na qual é necessário virtù para agir e lutar.
A esquerda brasileira deve saber apreender as promessas contidas na força liberada pela revolução dos fenômenos e saber reformular seus novos valores: igualdade entre sexos, etnias e grupos sociais; maior abertura possível da experiência existencial, concebida em seus aspectos individuais e coletivos; defesa do trabalho, de sua dignidade, da valorização dos recursos humanos; valorização dos méritos: valorização profissional, a inovação social, a criatividade cultural com responsabilidade social; equilíbrio ecológico: a sustentabilidade das técnicas, a proteção da natureza, o valor cultural do meio ambiente; integridade do ser humano, o respeito pela vida, a laicidade do Estado, sua democratização e a liberdade de opções com base nas convicções éticas individuais; valorização da cultura, da história e da memória; ética política: os direitos mas também os deveres da cidadania, as responsabilidade morais dos representantes. Se a esquerda quiser reavaliar a cultura política como expressão dos interesses coletivos, cabe travar a luta contra o indeterminismo de um lado e contra todos aqueles que preferem conceber a política como jogo do poder, instrumento de ambições pessoais e interesses corporativos; novo internacionalismo: à luta contra a fome e pobreza, a mundialização dos direitos humanos, base para a unificação dos povos.
Concluindo, a história ensinou de forma clara e trágica que justiça e liberdade são valores inseparáveis. Não pode haver igualdade e justiça sem liberdade, sem democracia."
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Gilvan Cavalcanti é membro efetivo do diretório nacional do PPS e do Conselho Consultivo da Fundação Astrojildo Pereira. ‘Democracia e reforma’, Blog Democracia Política e novo Reformismo. 30/6/2008.
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