Presidente volta a afirmar que aprovar projeto não atrapalha eleições
Leticia Fernandes / O Globo
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer afirmou ontem que, se a reforma da Previdência não for aprovada, a inflação e os juros sairão do controle. Em café da manhã com jornalistas que acompanham o Palácio do Planalto, Temer também rebateu os argumentos de que votar a favor da proposta em ano eleitoral pode tirar votos dos deputados.
— A inflação está sob controle, os juros, sob controle. O que pode ocorrer (se não se aprovar a reforma da Previdência) é a quebra desse controle que hoje existe. Seria péssimo para a economia, além do descrédito de natureza nacional e internacional — disse o presidente.
Temer também afirmou que já foi relator da Previdência e que acabou sendo reeleito como deputado federal com mais votos do que antes. O governo tenta convencer deputados de que aprovar a reforma não vai representar menores votações nas eleições de 2018, apesar de já ter dito que entende o temor dos parlamentares.
— Alguns colegas nossos parlamentares tendem a votar contra a reforma ao fundamento de que vem aí o ano eleitoral. Eu vou contar o meu exemplo, que fui relator da reforma da Previdência. Eu fui eleito em 1994 com 71 mil votos. Depois, eu fui relator da Previdência, vieram as eleições, e eu fui eleito com 206 mil votos. As pessoas perceberam que a reforma não era o bicho papão, ao contrário — afirmou Temer.
A votação da reforma na Câmara está marcada para 19 de fevereiro. Questionado sobre o que aconteceria se ela não for aprovada nesta data, o presidente disse que a ideia é manter o projeto na pauta até ele ser aprovado:
— Nós vamos mantendo na pauta, se não conseguir, digo eu, paciência. Depois, eu não quero ser pessimista, sou otimista, a esta altura, já está havendo esclarecimento que levarão aos amigos parlamentares a convicção que vale a pena aprovar a reforma da Previdência.
SEM DINHEIRO PARA A SAÚDE
Também presente ao café da manhã, sentado à esquerda do presidente, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que pode faltar dinheiro para saúde e educação no futuro, caso a proposta não seja aprovada.
— A reforma da Previdência no Brasil não é uma questão de opinião, é uma questão numérica, fiscal — explicou o ministro. — Hoje, a Previdência representa 50% do Orçamento. A continuar nessa trajetória, nós chegaremos em dez anos com a Previdência e outros benefícios representando 80% do Orçamento. Não haveria dinheiro para educação, saúde. A reforma da Previdência no Brasil será feita, não há dúvida. Nós estamos discutindo o quando. O quando é agora, em fevereiro, que é o momento adequado — disse Meirelles.
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