Com o consumo puxando a recuperação dos negócios, os empréstimos a pessoas físicas continuam liderando o crédito acumulado em 12 meses, como acabam de confirmar os últimos números publicados pelo Banco Central (BC). Em novembro os financiamentos a pessoas físicas, no valor de R$ 169,2 bilhões, foram 2,8% maiores que no mês anterior. Em 12 meses a expansão foi de 8,1%. A concessão de recursos às pessoas jurídicas, no total de R$ 123,6 bilhões, aumentou 3,3% em outubro, mas ainda diminuiu 5,7% no acumulado de dezembro do ano passado a novembro. Esse recuo reflete, entre outros fatores, a redução das operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os próprios empresários têm sido cautelosos na contratação de novas dívidas. Mas há sinais de substituição do financiamento bancário pela captação de dinheiro no mercado de capitais, segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha. Por enquanto, o movimento em busca dessa outra forma de financiamento é característico de grandes empresas.
A concessão total de crédito pelo sistema financeiro cresceu 1,7% em 12 meses, mas o estoque do crédito concedido – o valor acumulado nas carteiras das instituições – diminuiu nesse período. O saldo das operações, de R$ 3,06 trilhões em novembro, aumentou 0,4% em novembro, mas encolheu 1,3% em 12 meses. A economia brasileira voltou a crescer em 2017, com a produção puxada pelo consumo. A inflação em queda proporcionou alguma folga aos consumidores, preservando sua renda real, e além disso as condições de financiamento ficaram um pouco mais suportáveis. Mas, de modo geral, a recuperação ainda lenta ocorreu com escassa contribuição de novos empréstimos.
Em novembro, a relação entre o estoque de crédito e o Produto Interno Bruto (PIB) permaneceu em 47%, praticamente sem mudança em relação ao mês anterior (46,9%). Mas a proporção continuou em queda e ficou 2,9% abaixo do nível de um ano antes.
No começo deste século a relação crédito/PIB era próxima de 25%. Mais que dobrou em alguns anos. Em dezembro de 2015, com a economia já em recessão, ainda estava em 53,7%. Mas em novembro de 2016 bateu em 49,9% e continuou em queda a partir daí. O retorno ao patamar de 50%, baixo pelos padrões internacionais, ainda consumirá algum tempo. Dependerá do ritmo de reanimação da economia nacional e, naturalmente, da confiança dos consumidores e também dos empresários.
A busca de financiamentos será mais intensa, nos próximos meses, se aumentar o investimento produtivo. Têm crescido, embora em ritmo bem moderado, as compras de máquinas e equipamentos. Como ainda sobra muita capacidade na indústria, o investimento deve ser explicável basicamente pela necessidade de reposição e de modernização do parque produtivo. Se a atividade se intensificar, a expansão passará a motivar as compras de meios de produção. Mas uma expansão mais sensível do investimento dependerá, ainda, da retomada – apenas perceptível nos últimos meses – da construção civil.
Em 2018, o saldo do crédito deverá crescer 3%, segundo projeção do BC. O saldo do crédito a pessoas físicas deverá aumentar 7%. No caso dos empréstimos a empresas, o saldo ainda poderá encolher 2%, mesmo com alguma expansão dos novos financiamentos. De toda forma, a evolução do saldo referente às empresas será melhor do que foi neste ano.
O pior momento já passou, disse o chefe do Departamento de Estatísticas. Esse julgamento vale acima de tudo para as condições gerais da economia. O BC acaba de publicar novas estimativas de expansão do PIB em 2017 e 2018.
Para este ano a projeção passou de 0,7%, número de setembro, para 1%. Para o próximo ano, subiu de 2,2% para 2,6%. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima expansão de 3% em 2018. Se a queda de juros continuar, a recuperação econômica será obviamente mais fácil. Novo corte da taxa básica, de 7% para 6,75%, está previsto para fevereiro. Será mais um empurrão.
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