Marina Falcão | Valor Econômico
RECIFE - Com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fora da disputa presidencial, a maior beneficiária é a pré-candidata Marina Silva (Rede), que herdaria cerca de 25% dos votos do petista, diz Mauro Paulino, diretor do Datafolha. Se concorrer sub judice, no entanto, o grande favorecido da condenação de Lula pode ser ele mesmo. "É possível até que ganhe mais intenção de voto. A trajetória anterior do Lula mostra que ele sai fortalecido de episódios como esse", diz Paulino.
Segundo Paulino, no auge do mensalão, em um primeiro momento Lula perdeu força, mas logo se recuperou em intensidade suficiente para eleger a ex-presidente Dilma Rousseff. "O mesmo aconteceu com depoimentos do Lula ao Sergio Moro, que fizeram com que ele ganhasse mais intenção de voto. Ele saiu de 25% para 30% e chegou a 36%".
Antes do julgamento de hoje, uma pesquisa do Datafolha de dezembro mostrou Lula com 34% dos votos, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) 17%, Marina 9%, Ciro Gomes (PDT) 6% e Geraldo Alckmin 6%.
Segundo Paulino, 25% dos votos de Lula iriam para Marina Silva, no caso de impedimento do ex-presidente e 14% para ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Bolsonaro herda 6%. "Essa transferência para Bolsonaro se dá porque é elevada a falta de representatividade política e da preocupação com a violência", afirma Paulino.
Em um cenário sem Lula, 29% dos eleitores do petista "ficaria órfão" e votaria em branco ou nulo. O restante se declara indeciso.
Mesmo que fique inabilitado, não significa que Lula deixará de ser protagonista das eleições. Um terço dos eleitores do petista dizem que "votariam com certeza" em um candidato apoiado por ele. A transferência de votos, no entanto, não é imediata.
"Quando, nas pesquisas, o eleitor é apresentado ao nomes do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad ou do ex-ministros Jaques Wagner, a taxa de transferência dos votos de Lula a eles cai pela metade, ficando próxima a 16%", diz.
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