- O Estado de S. Paulo
O julgamento estritamente técnico feito pela 8ª Turma do TRF-4 nesta quarta-feira enfraquece em muito a tese que o PT não se cansa de alardear de que o ex-presidente Lula é alvo de perseguição política.
Os votos, muito mais longos que as previsões, exauriram todas as preliminares apontadas pela (fraca) defesa de Lula para apontar nulidades no processo e na sentença do juiz Sérgio Moro.
E, depois, foram cirúrgicos ao analisar com lupa as provas existentes nos autos quanto às condutas de Lula, descartando uma a uma as extravagantes teorias levantadas nas últimas semanas, inclusive sobre supostas discrepâncias entre a denúncia e a sentença de Moro.
Sóbrios, econômicos em considerações jurídicas, mas eloquentes quando se tratava de demonstrar domínio completo do processo em tela e do arcabouço judicial da Lava Jato, os desembargadores - sobretudo o relator e o revisor - acabaram por demonstrar sua solidez.
Diante do consistente arrazoado jurídico erigido em Porto Alegre, resta diminuído o mimimi petista de que Lula é vítima de perseguição.
E agora, PT? Além de ter os caminhos para o tapetão judicial bastante dificultados pela unanimidade da condenação, o partido viu estreitada a margem para convencer a sociedade, para além dos convertidos, da completa inocência de Lula.
Assim desnudado de sua aura mítica, o ex-presidente perde força política. Dificilmente o partido poderá levar adiante a radicalização que pregou de forma irresponsável logo depois do resultado proclamado.
Restará manter o gogó nas redes sociais enquanto discute, em reuniões de cúpula, um plano B para que a sigla dispute as eleições e não sofra uma derrota ainda maior que a de 2016 no parlamento e nos Estados.
O PT pode insistir em atrelar seu destino ao de Lula, mas agora sabe que não terá êxito na empreitada.
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