Pré-candidato ao Planalto pelo PSDB, governador negocia alianças com ‘Centrão’ que hoje garantiriam 21% do tempo no horário eleitoral
Pedro Venceslau e Daniel Bramatti | O Estado de S.Paulo
Enquanto o MDB ainda discute se lança um candidato ao Palácio do Planalto, o governador Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB à Presidência, avançou nas articulações com partidos do chamado “Centrão” e conta com promessas de apoio que lhe garantem pelo menos 21% do no horário eleitoral gratuito.
O tucano já está praticamente fechado com o PTB e PSD, dois partidos da base do governo Temer. As negociações com outras duas legendas, PPS e PV, estão avançadas. O presidente nacional do PV, José Luis Penna, é secretário de Cultura de Alckmin em São Paulo.
“Com a confirmação da desistência do Luciano Huck, a tendência do partido é apoiar o Geraldo Alckmin”, disse ao Estado o presidente nacional do PPS, Roberto Freire.
No caso do PV, uma ala do partido ainda defende candidatura própria, mas a tendência é se manterem aliados com o PSDB. Com PPS e PV no seu palanque, o tucano saltaria para 24% do tempo de TV em cada bloco diário de 12 minutos, segundo levantamento feito pelo Estadão Dados. A estratégia foi desenhada em janeiro pelo governador: aglutinar o apoio de pelo menos cinco siglas antes de negociar com DEM e MDB.
Depois de assumir a presidência nacional do PSDB, em dezembro, o governador intensificou as conversas partidárias. Hoje, PR e PRB também mantém linha direta com Alckmin.
“Se o Lula for candidato, o PR deve apoiá-lo. Esse é um compromisso com ele, não com o PT. Se ele não for candidato, então abre-se a possibilidade de a gente conversar. Pode ser o Alckmin. Nada está descartado”, afirmou o deputado federal José Rocha (BA), líder do PR na Câmara.
A maioria dos partidos do “Centrão” resiste à ideia de apresentar nome próprio na corrida presidencial por motivos financeiros: com a proibição de doação de empresas e o financiamento público de campanha, os recursos partidários terão de ser divididos entre as campanhas para governador, senador e deputados.
Isso significa que uma campanha presidencial drenaria boa parte dos recursos, o que pode comprometer a formação de bancadas no Congresso Nacional. No caso do MDB, líderes regionais temem que uma eventual candidatura de Temer ou do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não decole.
Líderes partidários e até ministros próximos a Temer já projetam uma polarização na campanha entre um candidato do campo da esquerda e outro do PSDB. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez esse prognóstico em entrevista na semana passada ao jornal Folha de S.Paulo.
“Alckmin já é um candidato competitivo no seu partido e carrega uma aliança que o credencia a ser um player. Isso atrai outros partidos do mesmo campo”, avalia o deputado Silvio Torres (SP), tesoureiro nacional do PSDB e um dos principais interlocutores do governador em Brasília. “O cenário mais provável é que a polarização se repita. A esquerda alinhada provocaria o alinhamento da centro-direita.”
Reação. O entorno de Alckmin acredita que o DEM pode subir no palanque tucano, apesar de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), ser apresentado como pré-candidato. Um dos nomes cotados para ser vice do tucano é o ministro da Educação, Mendonça Filho (PE). Outros dois partidos que estariam próximos, segundo tucanos, seriam PP e Solidariedade. “Acho que tem erro aí, mas não vou ficar falando pelos partidos”, avalia Maia.
Em reação aos movimentos de Alckmin, o presidente da Câmara se aproximou do Solidariedade e do PP. Líderes dos dois partidos estarão na convenção do DEM na semana que vem que deve apresentar o nome de Maia como pré-candidato.
“Nossa preferência é pelo Maia. Temos mais sintonia com ele. Mas não descartamos o Geraldo Alckmin, caso o Rodrigo fique fora”, afirmou Ciro Nogueira, presidente do PP. Maia disse na sexta-feira que Alckmin “não tem chance de ser eleito”.
Colaboração de Adriana Ferraz
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