Sabe-se pouco sobre o que o ministro aposentado pensa dos problemas que angustiam o país
Desde que entrou no PSB e passou a ser cogitado como opção para a disputa presidencial, o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa deixou claro que não tem nenhuma pressa em definir seu futuro.
Há uma semana, quando foi a Brasília conversar com a cúpula do seu partido, ele driblou os jornalistas dizendo o óbvio —que ainda não é candidato a nada— e fugiu de quem estava em busca de uma foto ao seu lado.
O potencial de Barbosa ficou evidente na pesquisa feita pelo Datafolha neste abril. Sem nunca ter disputado uma eleição, surgiu empatado com políticos experientes como Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB), oscilando entre 9% e 10% das preferências.
Análises preliminares sugerem que, a esta altura, seu apelo é maior entre eleitores de mais idade e educação superior —e reduzido nos segmentos populares.
Mas o ministro parece ter boas chances de ganhar adeptos, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) impedido de entrar no páreo, o desgaste dos políticos profissionais e a procura por nomes distantes dos extremos ideológicos.
Muito dependerá, contudo, do que será oferecido ao público. Barbosa tornou-se conhecido pelo rigor aplicado na condução do julgamento do mensalão, processo do qual foi relator no STF. Mas sabe-se pouco sobre o que pensa dos problemas que angustiam o país.
Em conversas com líderes do PSB, ele expressou simpatia por ideias liberais na economia e preocupação com a desigualdade social. Análises de opiniões que manifestou em seus votos no Supremo apontam na mesma direção.
Esses indícios parecem insuficientes para avaliar o alcance que uma postulação de Barbosa poderia ter. Para uma visão mais nítida do que seria sua plataforma, há que aguardar a definição de sua candidatura —e dos compromissos que assumirá se der esse passo.
A campanha também constituirá boa oportunidade para examinar a capacidade de diálogo e articulação política do ministro, qualidades indispensáveis para qualquer um que pretenda governar o país.
No STF, ele exibiu com frequência um temperamento explosivo ao ver-se contrariado, reagindo com rispidez a perguntas de jornalistas e críticas dos colegas no tribunal.
Alas expressivas do PSB têm se mostrado refratárias à sua indicação, porque já assumiram compromissos com outros partidos nos estados. O enfrentamento desses obstáculos será o primeiro teste da disposição de Barbosa para levar adiante seu projeto político.
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