segunda-feira, 16 de julho de 2018

Tibério Canuto Queiroz Portela: Rosa, cravo e flor de defunto

Tomando um belíssimo vinho francês Vieux Papes, ouvindo a divina Gal Costa, Gil e Nando Reis interpretando Pérola Negra, estou viajando quais deveriam ser os próximos passos do Polo Democrático e Reformista, depois dos êxitos estrondosos dos atos de São Paulo e do Rio. Sinto que é preciso dar um passo além, abrir conversas francas e descompromissadas entre agentes tão importantes neste momento tão crucial da vida política nacional. Saí do Rio impactado com os discursos de Luiz Werneck Viana, Roberto Freire e Sônia Rabelo, porta-voz da Rede Sustentabilidade.

Ouso dizer que a grande surpresa positiva foram as palavras de Sônia. Fiz questão de após o ato perguntar a quem de direito se as palavras da brava Sonia expressava o pensamento da Rede e recebi a resposta que, a grosso modo, sim.

Isso me deixa entusiasmado quanto a enorme vereda que temos à nossa frente para construir não só uma saída positiva com vistas à eleição, mas também de construir um Polo Democrático, Reformista e Sustentabilista.

Não estou propondo mudar o nome do Polo, mas sim incorporar uma questão fundamental da agenda 2020-2030 da OCDE e do Fórum Econômico Mundial e que, com muita felicidade, a Rede tem defendido. Quem leu o último livro do presidente Fernando Henrique vai notar a absoluta concordância quanto a isto.

Não sei se teremos tempo hábil para avançarmos na velocidade desejada durante a disputa presidencial, embora constate que estamos avançando muito. A ideia do Polo Democrático tem pouco mais de um mês. E ela saiu do Parlamento para a sociedade apenas no dia 28 de junho. Pois bem, em tão pouco tempo estabelecemos pontes entre quem jamais dialogou.

Não se constrói pontes com anátemas. E muito menos com ingenuidade política. Não dá para iniciar conversa exigindo que o candidato (ou candidata) A, B, C, retire sua candidatura. É possível alguma conversa prosperar com alguém chegando para quem está em segundo lugar na pesquisa e dizer "retire sua candidatura em nome da unidade"? ou dizer o mesmo para um candidato que governou o principal estado por três mandatos, conta com um partido estruturado e com, no mínimo, 20% do tempo televisivo? Isso é uma estupidez que não deve ser dita nem mesmo para um candidato que concorre pela primeira vez e já tem 3% nas pesquisas.

A arte de ciscar para dentro não se concretiza por meio de palavras, mas de atos concretos que levem a descartar o que separa e concentrar no que une, já ensinava o filósofo Tenorinho.

Há uma frase do saudoso Tancredo Neves extremamente oportuna para o momento atual. Dizia o Fiorentino das Alterosas que partidos - e por extensão frentes, blocos - são como um buquê de flores, há rosas, cravos e flor de defunto. A arte da política é manter todos juntos sem que os defuntos sejam os atores principais.

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Tibério Canuto Queiroz Portela é um dos administradores do grupo Roda Democrática

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