sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Affonso de Sant’Anna: Como amo meu país

Fragmento 1

Com aquela melancolia que ao entardecer
em Teresina
eu olhava do outro lado do sujo rio
a vilazinha de Timon,
com a fúria da multidão endomingada martelando
caranguejos entre farofa e cerveja
numa praia em Aracaju,

com a penintência de quem amssa o barro
que depois vira anjo nas mãos das mulheres de
Tracunhaém,com a solidez marinha do jangadeiro
em Cabedelo
empurrando a esperança mar adentro
e a repartir a espinha do dia morto sobre a areia,
com a cadência magoada do vaqueiro tangido nos
seus cornos a recolher o sal e a solidão
nos currais de Minas, em Curvelo,assim
eu amo este país que me desama.

Nenhum comentário: