Consultor digital da campanha de Alckmin, que não contratou serviço, conta ter participado de reunião sobre cadastros
Silvia Amorim | O Globo
SÃO PAULO - O consultor de marketing digital da campanha presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB), Marcelo Vitorino, relatou ontem ao GLOBO que participou de reunião em que uma empresa ofereceu ao partido a entrega de disparo de mensagens por WhatsApp, para até 80 milhões de pessoas, usando cadastro de terceiros, o que é proibido por lei.
A oferta do serviço, segundo ele, foi feita pelo presidente da empresa DOT Group, Luiz Alberto Ferla, num encontro na sede do PSDB em Brasília em 11 de julho, antes do início da campanha eleitoral. Segundo o PSDB, o serviço não foi contratado.
A reunião era com o PSDB Mulher, presidido pela ex-governadora do Rio Grande do Sul Yeda Crusius. Participaram também advogados, sócios do marqueteiro de Alckmin, Lula Guimarães, Vitorino, Yeda e assessores.
Na ocasião, o empresário, segundo Vitorino, fez uma apresentação sobre gestão de redes e falou sobre o uso do WhatsApp. Ele teria mostrado, num PowerPoint, números da base de dados que poderia ser usada no disparo em massa de mensagens para as candidatas do PSDB na eleição.
—Ele falou que tinha uma base de contatos de até 80 milhões de pessoas para a qual poderia fazer disparos —disse Vitorino.
A legislação eleitoral permite o envio de mensagens de WhatsApp por candidatos, mas somente para lista de contatos previamente cadastrados por eles ou partidos. É proibido o uso de cadastro de terceiros. A “Folha de S.Paulo” informou ontem que empresas bancaram o envio de mensagens contra o PT no segundo turno da eleição presidencial.
Vitorino disse ontem que ponderou na reunião que se tratava de uma ilegalidade.
—Fiz duas perguntas para ele sobre a ilegalidade de usar base de terceiros e ele insistiu que não havia problema—disse o consultor.
Em 19 de julho, em São Paulo, outro representante da empresa, que não foi identificado pela reportagem, voltou a oferecer o pacote de serviço a candidatas do PSDB a deputada.
Vitorino disse que resolveu tornar pública a oferta para alertar sobre o uso indevido que pode ter ocorrido nesta eleição de uma ferramenta nova e ainda não regulamentada pela Justiça Eleitoral.
A reportagem deixou recados e mensagens no celular de Luiz Alberto Ferla, mas ele não retornou até o fechamento desta edição. A DOT Group tem escritórios em Florianópolis, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário