Agenda liberal e formação da equipe encorajam previsões mais favoráveis para a economia
As previsões para o crescimento da economia em 2019 convergem para 2,5%. Tendo em vista que o Produto Interno Bruto avançará neste ano pouco mais que o 1% de 2017, trata-se de algum progresso, embora lento, insuficiente e incerto.
Lento porque basicamente reproduz a média verificada de 1995 a 2017, um desempenho medíocre, perdoe-se o trocadilho, para um país que se pretende emergente.
Insuficiente, dado que, a esse ritmo, o PIB nacional por habitante só voltaria ao nível de 2014 em 2023. O período configuraria, pois, mais uma década perdida.
Incerto porque, em primeiro lugar, tais previsões têm mostrado elevada margem de erro nos últimos anos, em boa parte devido à adoção de premissas que não se confirmam. No presente momento, o pressuposto para a recuperação econômica é a realização de um cardápio básico de reformas pelo governo Jair Bolsonaro (PSL).
A atenuação da turbulência internacional e o fim da campanha ao Planalto propiciaram melhora das condições financeiras no mercado. Taxas de juros e de câmbio e o índice da Bolsa de Valores retornaram a patamares mais amigáveis à expansão dos negócios.
Contribuem para o ensaio de otimismo a agenda liberal do presidente eleito e a equipe gabaritada que vai se formando em torno do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. Nesta segunda (12), por exemplo, confirmou-se a ida do ortodoxo Joaquim Levy, ex-titular da Fazenda, para o BNDES.
O ambiente favorável depende, no entanto, de avanços em medidas difíceis voltadas para o reequilíbrio das contas do Tesouro Nacional, em particular mudanças no regime previdenciário e na remuneração dos servidores públicos.
Sem tais providências, o governo caminhará para o estrangulamento orçamentário —a escalada contínua das despesas obrigatórias inviabilizará a estratégia de contenção da dívida pública, o que derrubará a confiança de credores, investidores e empresários.
Há pela frente ainda ajustes do sistema de impostos e de problemas regulatórios que hoje travam a atuação do setor privado em rodovias, ferrovias, telecomunicações e energia elétrica. Afinal, a capacidade estatal de expandir a infraestrutura tende a ser mínima ao longo do próximo quadriênio.
Não haverá retomada sólida sem aumento expressivo da taxa de investimento --que, durante os anos de recessão, despencou de 20,9% para 15,5% do PIB, a menor cifra em mais de duas décadas. A queda foi estancada, mas não se nota mais que uma tímida reação.
A pauta reformista testará a articulação política do futuro governo. Mais difícil que obter algum alento em 2019 será proporcionar condições para um progresso econômico persistente nos anos seguintes.
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