- Correio Braziliense
Novo ministro da Saúde, Mandetta foi indicado pelo governador eleito de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), com apoio da frente parlamentar da setor.
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou ontem que o novo ministro da Saúde será o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), o terceiro integrante do DEM a ocupar o primeiro escalão do governo. Os outros dois são o poderoso futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), e a igualmente poderosa próxima ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS). Ambos são do mesmo estado, mas representam segmentos diferentes. O novo ministro foi indicado pelo governador eleito de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM),com apoio da frente parlamentar da saúde, enquanto a ministra representa o agronegócio de exportação dos estados produtores do Sul do país.
A indicação sinaliza dois movimentos de Bolsonaro: de um lado, fortalece a participação do DEM no seu governo, que passa a ser o seu principal e mais experiente partido aliado; de outro, enfraquece a posição do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é candidato à reeleição e, aparentemente, não conta com o apoio de Bolsonaro. O DEM contará com 29 deputados, enquanto o PSL, de Bolsonaro, elegeu 52 integrantes da Câmara.
Outro aspecto que deve ser considerado é o fato de que o primeiro ministério ligado à área social ficou a cargo de um político. Mandetta responde a processo por improbidade administrativa. É investigado por suposta fraude em licitação, tráfico de influência e caixa 2 em um contrato para implementar um sistema de informatização na saúde em Campo Grande, no período em que foi secretário. Bolsonaro minimizou a situação: “Tem uma acusação contra ele (Mandetta) de 2009, se não me engano, e não deu um passo o processo ainda. Ele nem é réu ainda. O que está acertado entre nós? Qualquer denúncia ou acusação que seja robusta não fará parte do governo”, afirmou Bolsonaro.
Como sempre acontece nesses casos, a vida do deputado passou a ser escaneada pela imprensa, como ocorreu também com a ministra Teresa Cristina e o próprio coordenador da transição, Onyx Lorenzoni. Mandetta nega ter cometido irregularidades. Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) apontou um prejuízo de cerca de R$ 6 milhões em pagamentos indevidos por serviços não executados na implantação do sistema de Gerenciamento de Informações Integradas da Saúde (Gisa), que custou quase R$ 10 milhões entre recursos federais e municipais. Segundo o futuro ministro, que deixou o cargo em 2010, a denúncia foi feita por adversários políticos. “O projeto sofreu uma ruptura por parte da prefeitura que entrou em 2013. Foram demitidos todos os técnicos, ficou sem condições de continuidade por interrupção administrativa. Renovaram o convênio e não renovaram o contrato”, justifica.
Lava-Jato
Bolsonaro diz que, se for comprovado um caso grave, o ministro sob investigação será demitido. A sinalização de que poderá cortar na própria carne, se for necessário, foi dada ontem pela permanência de Wagner Rosário à frente da pasta da Transparência e Controladoria-Geral da União, cargo que já ocupa no governo Michel Temer. Ex-militar, sua escolha foi técnica, com o aval do futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, com quem deverá trabalhar em estreita colaboração.
A pasta continuará ligada à Presidência, porque desempenha o papel de controlar e combater a corrupção dentro dos órgãos federais. Rosário já tem um diagnóstico das áreas que precisam de mais atenção. Ex-aluno do Colégio Militar do Distrito Federal, Rosário estudou na Academia Militar das Agulhas Negras, é ex-oficial do Exército e tem mestrado em combate à corrupção pela Universidade de Salamanca.
A propósito, o ex-juiz federal Sérgio Moro escolheu o novo diretor-geral da Polícia Federal (PF): o delegado Maurício Valeixo, atual superintendente da PF no Paraná. A delegada da PF Érika Marena, atualmente Superintendência da PF no Sergipe, assumirá o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça.
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