Maioria dos brasileiros demanda serviços públicos essenciais
Uma expressiva maioria da população espera que Jair Bolsonaro (PSL)faça um governo ótimo ou bom. Estão assim confiantes 2 de cada 3 brasileiros, como registra levantamento do Datafolha. O presidente que assume nesta terça-feira (1º) foi eleito, recorde-se, com menos de metade dos votos dos que foram às urnas.
A expectativa de desempenho positivo às vésperas de uma troca de comando no Planalto costuma ser alta. Bolsonaro marca menos nesse quesito do que seus antecessores, em particular Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 76% há 16 anos.
Ainda assim, o otimismo se mostra notável, da mesma proporção (65%) da crença na melhora da situação da economia, também segundo o instituto de pesquisa.
Questões econômicas, com efeito, não são as principais preocupações manifestadas pelos entrevistados, o que pode espantar num país onde a renda por habitante encolheu ao longo da década.
Não será surpresa, aliás, se as prioridades do eleitorado revelarem-se diferentes daquelas escolhidas pelo novo presidente.
Para 40% dos entrevistados, a saúde deveria ser o setor a receber maior atenção de Bolsonaro. Em segundo lugar, bem atrás, vem a educação, com 18% das menções, seguida da segurança pública, com 16% —e esta, para 46%, será a área em que a administração federal alcançará maior sucesso.
Chama a atenção que, após uma campanha na qual o vitorioso deu ênfase ao enfrentamento da corrupção, o tema tenha sido mencionado por apenas 3%.
Serviços públicos essenciais, portanto, ocupam o topo da lista de demandas dos brasileiros, o que permite qualificar o desafio apresentado ao mandatário.
O provimento de saúde, educação e segurança é tarefa a cargo, principalmente, de estados e municípios —boa parte dos quais mal têm recursos para pagar salários.
À União cabe, em geral, repassar verbas e coordenar normas e políticas. No primeiro caso, a oferta de recursos dependerá das reformas econômicas; no segundo, os planos do governo parecem, por ora ao menos, obscuros.
Avesso a debates e a entrevistas mais inquisitivas, Bolsonaro chega ao Planalto tendo apresentado pouco mais que bandeiras. Nesta segunda (31), por exemplo, prometeu “combater o lixo marxista” no ensino —o que nem de longe responde às carências com as quais se depara a grande maioria dos estudantes da rede pública.
Cerca de metade do eleitorado crê que mercado financeiro, militares, sindicatos, movimentos sociais e fazendeiros deveriam ter “grande influência” no governo. Pode-se entender que os cidadãos prefiram uma gestão plural e aberta.
Conviria a Bolsonaro uma abertura maior para o diálogo social, sem o que terá dificuldade de implementar reformas difíceis e, mais ainda, de pacificar um país politicamente ainda muito tenso.
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