- O Estado de S.Paulo
Alagoas alcançou em 2018 a 1.ª posição no indicador de solidez fiscal do CLP
Vi da janela do táxi os vidros azuis do Palácio República dos Palmares. Estava recém-chegada em Maceió, vinda do litoral norte de Alagoas, lá onde as praias são das mais lindas do mundo. O motorista, que há quase uma hora falava de forma ininterrupta sobre as melhorias recentes no seu Estado, me perguntou se eu iria encontrar alguém importante ali. Já pagando a corrida, disse que sim, que iria almoçar com o governador Renan Filho. Ele não titubeou em me devolver parte do valor da corrida e me pediu, em troca do desconto, que desse um abraço no governador e lhe desejasse vida longa e muita saúde para continuar melhorando a vida dos alagoanos.
Alagoas é o Estado brasileiro com o pior índice de desenvolvimento humano (IDH). Tem problemas bem mais graves do que a grande maioria dos entes federados. Com poucas alternativas econômicas, além das usinas de açúcar centenárias – e endividadas –, e do turismo que desponta como atividade cada vez mais importante, sempre apresentou menor potencial econômico que os primos ricos da região, como Pernambuco ou Bahia. A criminalidade, como em tantos outros Estados do Nordeste, é elevada e tem como origem principal a rivalidade entre as facções criminosas de atuação nacional. A população é humilde e tem poucas oportunidades. A imensa maioria depende do setor público como empregador, como comprador ou como provedor de serviços ou de assistência social.
Mas nos últimos quatro anos Alagoas colecionou importantes avanços. O primeiro deles aparece na gestão fiscal, que pavimentou o caminho para relevantes conquistas sociais. O Estado alcançou em 2018 a 1.ª posição no indicador de solidez fiscal do ranking de competitividade do Centro de Liderança Pública (CLP) e da Tendências Consultoria Integrada. Em 2015, ocupava a 24.ª colocação. O desempenho é impressionante, mas basta analisar a redução no endividamento, o aumento nos volumes de investimento público com recursos do Tesouro estadual e a elevação da receita própria – essa graças a um firme programa de combate à sonegação – para que se identifiquem as razões para esse salto.
Nos indicadores sociais, não por coincidência, há também o que comemorar. Na educação, Alagoas elevou suas notas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de forma consistente e significativa. Em 2017, foi o Estado que deu o maior salto na avaliação do 9.º ano. As notas ainda são baixas e indicam um longo caminho pela frente, mas há de se reconhecer e valorizar esse grande avanço.
Na segurança, após quase uma década ocupando a posição de Estado mais violento do Brasil, os indicadores de criminalidade começam a ceder. Os números de homicídios recuaram 21,4% nos últimos quatro anos em comparação com igual período anterior. Com investimentos, aumento de efetivo e a criatividade nas ações de policiamento, os resultados já aparecem.
Na saúde, estudos para implantação de gestão por organizações sociais evoluem enquanto, após 30 anos de ausência, cinco novos hospitais são construídos. Na área de saneamento, com o apoio do BNDES, a concessão do sistema de águas está em vias de ocorrer e garantir os investimentos necessários para mudar uma situação inaceitável, em que apenas 19% da população tem acesso à rede de coleta de esgoto.
Em Alagoas, assim como no Espírito Santo e no Ceará, para ficar nos casos já notórios, vale o bordão capixaba: cuidou-se das contas para cuidar das pessoas. É mais um exemplo de que equilíbrio e responsabilidade fiscal são a base de conquistas sociais sustentáveis.
Hoje, inspirada pelo motorista que me trouxe a Maceió, desejo vida longa e saúde aos nossos bons gestores públicos. Serão eles que farão de 2019 um ano melhor para os cidadãos. Que sejam viventes cheios de coragem e, como nos Relatórios do Prefeito, de Graciliano Ramos – que além de ter escrito uma das maiores obras-primas da literatura brasileira, foi prefeito de Palmeira do Índios, cidade do agreste de Alagoas –, administrem com transparência e responsabilidade. Que governem em favor de todos, pois no Brasil, assim como nas Alagoas de hoje, ao mesmo tempo que aperta o peito ver um povo carente de tanto, conforta ver que é possível avançar. Feliz ano-novo!
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