- Folha de S. Paulo
Brasileiros sempre tiveram boas relações com Israel
Subitamente bandeiras de Israel começaram a tremular em manifestações de apoio a Jair Bolsonaro. Em Brasília, na cerimônia de posse, elas também estavam lá.
Os brasileiros sempre tivemos boas relações com Israel, que nasceu em 1947, quando Oswaldo Aranha presidia a Assembleia-Geral das Nações Unidas. O Brasil desde 1951 mantém representação diplomática em Tel Aviv. Apesar de eventuais divergências, o intercâmbio tem sido constante desde então.
Durante o período do general Ernesto Geisel, registrou-se um contratempo. De olho no petróleo árabe, o ditador de turno decidiu apoiar, em 1975, a controvertida resolução da ONU que equiparava o sionismo ao racismo, já revogada.
Geisel, é bom lembrar, praticou uma política externa que hoje seria considerada mais próxima do PT do que de Bolsonaro —a quem, aliás, chamou de “mau militar” em entrevista concedida em 1993. Com seu “pragmatismo responsável”, prezava certa “altivez” em relação ao alinhamento com os EUA e via como vantajosa a aproximação com nações do Terceiro Mundo.
Também em 1975, o general fez com que o Brasil fosse o primeiro país a reconhecer a independência de Angola, liderada por um movimento apoiado por Cuba e União Soviética.
Voltando aos símbolos de Israel em voga nos arraiais bolsonaristas. Trata-se, como se sabe, de uma forma de atrair evangélicos, cujo apoio foi decisivo na eleição. Israel ganhou novo significado no protestantismo fundamentalista americano na década de 1930. Posteriormente, pentecostais e neopentecostais aderiram à interpretação literal de profecias do Velho Testamento que anunciam a restauração de Jerusalém e a volta de Cristo.
São motivos que, entre outros, também tocaram o presidente dos EUA, Donald Trump, de quem o governo de Bolsonaro é um voluntário lambe-botas.
É uma aberração que sejam essas as justificativas para mudar a embaixada do Brasil para Jerusalém.
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