- Blog do Noblat
Prêmio de consolação
O fato de Gustavo Bebianno ter dito de público que recusou o convite do capitão para ser diretor da usina de Itaipu ou embaixador do Brasil em Roma inviabilizou de fato a reabertura das negociações para que ele venha a ocupar um dos dois cargos.
Mas um terceiro lhe foi oferecido, e sobre esse Bebianno nada disse: o de embaixador do Brasil em Lisboa. É um posto de muito prestígio. A sede da embaixada, à estrada das Laranjeiras 144, no bairro de Sete Rios, é magnífica e bem localizada.
Por ali já passaram diplomatas de alto nível, mas também políticos de renome que desfrutaram um doce exílio. O ex-presidente Itamar Franco foi um deles. De resto, não seria nenhuma complicação tirar de lá o atual embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado.
Experiente e respeitado no Itamaraty e fora dele, Figueiredo Machado já serviu em Santiago, Washington e Ottawa. Foi ministro das Relações Exteriores do primeiro governo de Dilma Rousseff. Bolsonaro quer em Lisboa um embaixador para chamar de seu.
A bola está no pé de Bebianno. Antes de chutá-la, é bom saber o que o vereador Carlos Bolsonaro pensa a respeito.
Bolsonaro e Bebianno, já, já de boa!
Nada como um dia após o outro
A terceira-feira, 19 de fevereiro, foi um dia para ser esquecido pelo presidente Jair Bolsonaro. A VEJA publicou as mensagens de áudio trocadas por ele com Gustavo Bebianno, a quem Bolsonaro chamara de mentiroso. Bebianno disse que perdera o cargo de ministro porque o vereador Carlos Bolsonaro o perseguia.
A Câmara dos Deputados rejeitou o decreto do governo que desfigurava a Lei da Transparência. Foi a primeira derrota do governo ali. A Justiça condenou Bolsonaro por ofensa à deputada Maria do Rosário (PT-RS), e absolveu o ex-deputado Jean Wylys (PSOL-RJ) da acusação de ofensa a Bolsonaro. Que sufoco!
O dia seguinte será lembrado por Bolsonaro para sempre. Ele foi ao Congresso entregar a proposta de reforma da Previdência. Falou ao país por meio de uma cadeia de rádio e de televisão. E recebeu a notícia de que em breve ele e Bebianno poderão estar numa boa. Que alívio! E sem ele que precisasse meter a mão no bolso.
Duas coisas preocupavam o presidente. Bebianno foi seu advogado em várias causas na Justiça. E se ele decidisse cobrar o que Bolsonaro lhe devia? Bastaria cobrar um preço justo para que Bolsonaro fosse obrigado a vender parte do seu patrimônio à falta de dinheiro vivo. Mas tinha coisa pior a preocupar Bolsonaro.
Saíra uma nota no jornal Folha de S. Paulo dando conta da disposição de Bebianno para reunir documentos e escrever um livro sobre sua vida ao lado de Bolsonaro durante pouco mais de um ano. E se Bebianno contasse coisas que pudessem comprometer a boa reputação de Bolsonaro junto aos seus devotos?
Antes do cair da noite sobre Brasília, o sol piscou para Bolsonaro. Ele soube que procurado a seu pedido por Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil da presidência da República, Bebianno, generosamente, garantira que nada cobrará pelos serviços prestados como advogado. Quanto ao livro, disse que jamais pensara em escrevê-lo.
A radiante quarta-feira, 20 de fevereiro, poderá ter sido o dia que marcou o recomeço do governo do capitão. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos.
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