- O Globo
O ministro Abraham Weintraub pisou no acelerador dos factoides. Ontem ele chamou professores de “zebras gordas”. Reclamou até do nome da pasta que comanda
O ministro Abraham Weintraub não tem medo do ridículo. Desde que assumiu o cargo, ele se especializou em produzir cenas de pastelão. Numa delas, dançou com um guarda-chuva aberto dentro do gabinete. Em outra, tropeçou na matemática ao tentar fazer uma conta simples com bombons.
Para a sorte do olavete, não é preciso fazer o Enem para virar ministro da Educação. Ele já demonstrou dificuldades sérias com o português, ao escrever “suspenção” num documento oficial. Também revelou pouca intimidade com a literatura: confundiu Kafka, o escritor, com cafta, o acepipe.
Sem qualificação para o posto, o ministro descobriu outra fórmula para segurar a cadeira. Passou a produzir polêmicas em série, numa gincana para acumular pontos com a militância bolsonarista. A tática consiste em dizer absurdos para desviar o foco de notícias negativas. Em abril, ele declarou que as universidades públicas eram locais de “balbúrdia” e “gente pelada”. Queria camuflar o corte de verbas para o ensino superior.
Nos últimos dias, Weintraub pisou no acelerador dos factoides. No Twitter, ele ofendeu assessores do PT que ganharam na Mega-Sena. “Aparentemente, não há crime”, debochou, chamando os apostadores de “tigrada”. O grupo inclui técnicos, motoristas e recepcionistas.
Na segunda-feira, ele anunciou o lançamento de um tal Escola de Todos, versão recauchutada do Escola sem Partido. O objetivo é o mesmo: incentivar o patrulhamento do que os professores dizem em sala de aula, a pretexto de combater a “doutrinação”.
Ontem o ministro produziu um combo de disparates. Na mesma palestra, criticou os professores das universidades federais, o nome da pasta que comanda e até o uso do vermelho. “Podia mudar a cor daqui, verde e amarelo é bonito”, gracejou, apontando o cartaz do evento.
Weintraub prometeu caçar professores que ganhariam “de R$ 15 mil a R$ 20 mil por mês”, chamando-os de “zebras gordas”. Segundo o Portal da Transparência, o ministro recebeu R$ 30,9 mil em julho. No mês anterior, levou R$ 35,4 mil. Como sempre, o ataque serviu para ofuscar outra notícia: ele quer contratar professores pela CLT, abolindo a exigência de concurso público.
A uma plateia atônita, o olavete disse que o uso da palavra educação seria produto da “ideologização” de esquerda. “Quem educa é a família, a gente ensina”, teorizou. Enquanto ele continuar no cargo, seria melhor chamar o MEC de Ministério da Deseducação.
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