sábado, 14 de dezembro de 2019

Julianna Sofia - Reforma no serpentário

- Folha de S. Paulo

Bolsonaro deve promover minirreforma no serpentário

Parlamentares de influência na Esplanada consideram favas contadas alterações no gabinete ministerial de Jair Bolsonaro em janeiro. Apesar das negativas palacianas, a expectativa é que o presidente promova uma minirreforma, revendo a posição de três ou quatro peças do primeiro escalão da República até o início do próximo ano legislativo.

O espaço ocupado pelo DEM no ministério (três pastas de peso) não condiz com o volátil apoio parlamentar outorgado ao governo em votações importantes no Congresso. O incômodo não é de agora, mas recente movimentação de caciques da legenda na direção de presidenciáveis rivais irritaram Bolsonaro. Por esse motivo, tornou-se alvo preferencial na relação das mudanças o ministro demista Onyx Lorenzoni (Casa Civil), espécime ilustre no serpentário presidencial.

Abraham Weintraub é outro a pegar o beco. O titular da Educação goza de simpatia de Bolsonaro e filhos por sua fidelidade ideológica canina, mas empilha incompetência, verborragia, ativismo virtual agressivo, tretas mil e zero de resultados na gestão. Pressões pela troca crescem em progressão geométrica, e Weintraub se enfraquece em parceria com o padrinho --foi pelas mãos de Onyx que chegou ao ministério.

O ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) também aparece entre os alvos da reforminha, assim como todo o segundo escalão da pasta. Parlamentares reclamam da falta de interlocução com o ministro; a equipe econômica já se indispôs com o militar sobre a abertura do mercado de gás; e o time palaciano está descontente com a demora de Bento na solução de temas caros ao presidente (garimpos).

As prováveis trocas não atingem, porém, o núcleo enrolado do governo. Marcelo Álvaro Antônio (Turismo), denunciado pelo Ministério Público no escândalo das candidatas-laranjas do PSL, e Ricardo Salles, investigado por enriquecimento ilícito na gestão de Geraldo Alckmin em São Paulo, seguem intocados.

Por ora, distantes do pau de arara.

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