Reabertura pode ser regional, e pais devem poder vetar retorno do aluno
Os efeitos da pandemia sobre a educação ainda estão por ser calculados, mas não há dúvida de que um desastre está em curso.
Em circunstâncias normais, a paralisação nas férias já acarreta perdas de aprendizado, especialmente para os alunos mais pobres. Agora não se trata de um ou dois meses de interrupção programada, mas de semestres inteiros.
Os programas de educação a distância, em geral montados às pressas, atenuam, mas não chegam perto de anular os prejuízos.
No caso do Brasil, há que considerar ainda o impacto sobre a segurança alimentar. Para muitos estudantes da rede pública, a merenda escolar representa a principal refeição do dia. Diante disso, a reabertura das escolas para aulas presenciais deve estar entre as prioridades. A grande questão é como fazê-la com segurança.
Diversos países já conseguiram retomar as atividades pedagógicas sem que se constatasse um aumento na taxa de infecções que pudesse ser ligado às escolas. Na Europa, o período de férias está se mostrando muito mais preocupante do que o de aulas no que diz respeito ao aumento de contágios.
Daí não decorre que as decisões a tomar sejam simples. Se a reabertura ocorrer enquanto a taxa de infecções ainda é alta, os alunos constituirão um elo a mais a alimentar as cadeias de transmissão.
Se o contágio estiver baixo, entretanto, a maior resistência dos jovens ao vírus torna as escolas um bom ponto de partida para tentar restaurar a normalidade.
Há outras questões a considerar. A retomada deve dar primazia às crianças mais jovens, o que liberaria os pais para voltarem ao trabalho, ou às mais velhas, em tese mais preparadas para respeitar os protocolos de segurança? A reabertura deve se dar em bloco ou de modo regionalizado?
Quanto à segunda questão, ao menos, parece mais claro que a volta às aulas não precisa ser centralizada, desde que cada região ou mesmo instituição apresente um plano viável e seguro.
Cumpre avaliar a situação de cada família. Há crianças, por exemplo, que vivem com pais ou avós pertencentes a grupos de risco. Nesses casos, é bastante razoável que os responsáveis possam exercer um poder de veto à volta do aluno, que seguiria no ensino a distância.
A necessidade de reduzir as turmas exigirá, por fim, que os estabelecimentos mantenham um sistema híbrido, presencial e remoto.
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