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Ruim com ele, talvez pior sem ele
Sem o brilho do antigo Posto Ipiranga que se apagou e não foi de agora, e os companheiros que preferiram abandoná-lo à procura de novos e mais compensadores desafios, o ministro Paulo Guedes, da Economia, ficará no governo, quer emplaque ou não o programa Renda Brasil, quer o valor do auxílio emergencial a ser pago até dezembro fique abaixo ou acima dos 300 reais.
Guedes sempre se queixou de ter sido maltratado por seus colegas economistas. Não lhe reconheceram os méritos. A academia ignorou-o. Foi posto para escanteio na hora em que os da sua geração ascendiam. Era apontado apenas como um bom ganhador de dinheiro em proveito próprio. Nada mudou depois que ele tirou a sorte grande de ser descoberto por Jair Bolsonaro.
O que a Luzia ganhou atrás da horta? O que ganharia Guedes se pedisse as contas só por que seu plano de ajuste fiscal foi para o brejo? O plano mal foi posto de pé desde que ele sentou praça na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Por fim, foi deixado para as calendas gregas pela irrupção do coronavírus e a obstinada fixação de Bolsonaro em um segundo mandato.
Se saísse do governo, sairia apanhando por ter feito quase nada do que prometeu. E perderia a oportunidade de ouvir no futuro que teria sido ruim com ele, mas muito pior sem. Pelo menos enquanto foi ministro funcionou como uma barreira contra as idéias mais insanas que poderiam ter enterrado o pouco que se havia conquistado até então. É por isso que ficará.
De resto, vai que Bolsonaro se reelege. Seriam mais quatro anos de Guedes na boca do palco. A essa altura da vida, o que haveria de mais salutar para reforçar sua autoestima abalada?
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