Os resultados eleitorais não terão efeitos
banais. Eles servirão de vetor para o alinhamento das forças políticas e
sociais, mas não se devem cultivar ilusões de superação imediata da atual cena
de atraso e rusticidade da atividade política. Poderão, sim, estimular os
impulsos, ainda em embrião, em favor da mobilização da oposição democrática ao
que aí está, instituindo um novo patamar para novos avanços mais adiante. Por
ora, fora do radar um retorno ao estado de coisas anterior ao governo
Bolsonaro. Não eram apenas os 40 milhões de brasileiros que viviam em situação
de invisibilidade de que apenas agora se teve ciência, era toda uma sociedade,
inclusive seus segmentos ilustrados, que não foi capaz
de identificar a miséria política e o primitivismo moral e intelectual que
tomara conta da alma do país.
Os
fios que nos mantinham vinculados às nossas melhores tradições e valores se
encontram esgarçados, quando não rompidos. Conceder vida nova a eles, implica
mais do que uma simples restauração, pois traz consigo o imperativo da
inovação, para o que a agenda do espírito do tempo deste século com seus temas
emergentes da questão ambiental e das relações solidárias entre os viventes
nesse planeta é mais do que propícia. Resgatá-los, inovando-os, significa agora
levantar um dique à ideologia neoliberal que nos ameaça com a desertificação
moral e cívica na esteira de mecanismos autônomos do mercado como enteléquia
fora de controle humano.”
*Luiz Werneck Vianna, sociólogo, Puc-Rio. “Retomar o fio da meada”. Blog Democracia Política e novo Reformismo, 8/10/2020.
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