Bolsonaro e seus generais seguiram o ídolo Trump na pandemia do coronavírus
Os mortos
por Covid-19 nos Estados Unidos de Trump já equivalem aos
americanos mortos em cinco guerras do Vietnã.
Os 58
mil do número oficial de americanos mortos na guerra iniciada pelo
democrata John
Kennedy multiplicam-se por cinco com a recusa de Donald Trump a
combater a contaminação. A “America great again”, que o impulsionou à Casa
Branca, a cada dia fica menor também em vidas.
Mas
nada acontecerá a esse genocida, como nada aconteceu aos genocidas das bombas
de napalm, com gelatinas em chamas pegajosas nos corpos, lançadas sobre as
populações civis: um milhão de mortos, na estimativa autocomplacente dos
americanos, e perto de três milhões para centros de estudo da guerra.
Jair
Bolsonaro e seus generais seguiram o ídolo, com
primarismo ainda maior. Até hoje inexiste um plano de orientação
nacional, ficando
os estados entregues às ações e inações, precariedades e
perplexidades de cada um.
Repete-se o descaso deliberado quando o novo ataque do vírus alcança proporções alarmantes, seja ou não uma segunda onda, discussão ociosa.
Os
jornais se deram um prêmio, pelo empenho noticioso apesar dos riscos e grandes
dificuldades operacionais dos jornalistas sob a pandemia. Ali atrás, a
expressão “empenho noticioso” não pôde acompanhar-se de alusão a outra
responsabilidade que os leitores e espectadores tinham o direito de esperar.
Aquela que consiste na função social de que os próprios órgãos de comunicação
se declaram portadores.
O
governo foi noticiado na traição às suas obrigações constitucionais, morais e
humanitárias, mas não cobrado à altura, nem mesmo incomodado, para cumpri-las
por necessidade vital da população.
Os
brasileiros têm o direito e a premência de não estarem sujeitos
à incompetência e ao servilismo de alguém que passa por ministro da Saúde ou
por presidente. Mas que, na verdade, é uma ameaça idêntica ao vírus.
Sem
transbordar do jornalismo, antes pelos meios legais de que dispõem, aos órgãos
de comunicação cabia agir para compelir o governo a sanar sua traição aos
deveres que, como princípio, o justificam.
A
ferocidade do vírus e a traição do governo confraternizam-se outra vez.
Noticiadas, só.
NAS
SOMBRAS
A perda
crescente de representatividade de quase todos os partidos leva
muito eleitor a decidir o voto sem se importar com a sigla. Isso reduz o poder
sinalizador das eleições municipais com vista à presidencial. A abstenção
muito alta, não só por efeito da pandemia, impôs redução ainda maior da
capacidade sugestiva das eleições recentes.
Afora
o óbvio, o que sobrou nos resultados para as análises não provocou extravagâncias
nem captações com maior ossatura. Toda a situação é muito instável. A pandemia
e sua vacina, as consequências possíveis da vitória de Biden, o esperado
agravamento da situação econômica brasileira em 2021, a suspensão ou redução da
ajuda em massa —qualquer desses fatores pode influir muito mais, e já em futuro
próximo, do que as perspectivas
atribuídas ao resultado eleitoral recente.
DE
IGUAL VALOR
A
empresa de que Sergio
Moro se torna sócio e diretor, não por acaso, é americana. O que é um
dado interessante. Essas chamadas consultorias internacionais são grandes
repositórios de informação captada em empresas nacionais importantes, as quais
têm a vida ligada às circunstâncias e propensões políticas, como de relações
externas.
Associar-se
a uma empresa internacional de porte exige, em condições normais de ambas as
partes, investimento relevante. É um aspecto obscuro, mas atraente, na condição
desse ex-juiz se ligar à defesa dos interesses das empreiteiras e empresário de
que foi, a um só tempo, algoz negociador de benefícios.
Sergio
Moro fez bem em deixar a magistratura. Como disse sua
mulher, Rosangela Moro, quando soltava rojões para festejar “o
mito”, “Sergio Moro e Jair Bolsonaro são uma coisa só”.
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