China
e Turquia esperam vacinar em dezembro; Indonésia, em janeiro, dizem governos
O
governo chinês diz que “em breve” haverá um “grande anúncio” a respeito de
vacinas com “vírus inativados”. Trata-se das vacinas da Sinovac e da
Sinopharm. Meios de comunicação chineses dizem que o anúncio dessas
vacinas é “iminente” e que uma aprovação oficial deve ocorrer até o fim do ano
—tratam do Brasil, sem o dizer. São Paulo comprou a Sinovac.
Essa
vacina chega no próximo dia 11 à Turquia, que comprou uma partida inicial de 50
milhões de doses. O governo turco pretende testá-la por duas semanas e começar
a vacinação no dia 25, se o teste der certo.
A
Indonésia vai receber 50 milhões de doses da Sinovac até fevereiro. O plano
original era começar a vacinar na última semana de dezembro.
O prazo mais realista é a terceira semana de janeiro, conta um ex-colega de faculdade deste jornalista. Ele trabalha na alta administração de seu país. Diz que espera “aprovação em breve da vigilância sanitária brasileira”, que já estaria examinando a vacina, ele acha.
Por
que Brasil, Turquia e Indonésia? Porque são os países onde a
Sinovac testou sua vacina na fase 3.
Como se vê, há um burburinho grande sobre a “vacina chinesa”. Não é
apenas João Doria
que faz promessas.
Mas
não é possível acreditar sem mais em palavra de político, aqui ou na China,
claro. Nada se sabe sobre a eficácia da
Sinovac. Além do mais, ainda não há informação sobre o que significa
“eficácia” nem mesmo no caso das vacinas da
Pfizer/BioNTech, da Moderna ou da AstraZeneca/Oxford, que começa a
ser aplicada no Reino Unido nesta segunda-feira (7).
Os
resultados dos testes desses três produtos já foram anunciados, mas de modo
vago. Os estudos não foram publicados em revistas científicas, com revisão
técnica. Não contaram se “eficácia” significa imunidade, se quer dizer proteção
contra os efeitos piores da Covid-19 ou se a pessoa “imunizada” ainda pode
transmitir a doença.
Ainda
assim, algo se move. Na sexta-feira (4), o vice-diretor do programa de vacinas
chinês, Wang Junzhi, anunciou que 600 milhões de doses dos produtos da Sinovac
e da Sinopharm estarão “no mercado” até o fim deste ano; um “grande anúncio”
deve ocorrer entre uma e duas semanas. Na quarta-feira (2), a
vice-primeira-ministra da China responsável pela área da saúde, Sun Chunlan,
dissera que todas as pessoas de grupos de alto risco estarão vacinadas até o
fim do ano em seu país.
As
vacinas da Sinopharm e da Sinovac foram liberadas para uso emergencial na China
desde julho. Profissionais da saúde, que trabalham em portos e aeroportos,
empregados da indústria de alimentação, em transportes, militares, diplomatas,
funcionários da Huawei que trabalham no exterior e das empresas que produzem os
imunizantes já se vacinaram, mais de 1 milhão de pessoas.
Recep
Erdogan, presidente da Turquia, disse na sexta-feira que vai tomar a vacina para
“dar o exemplo aos cidadãos”. Joko Widodo, presidente da Indonésia, visita
postos de saúde que se preparam para vacinar. O autocrata turco e o populista
moderado da Indonésia fazem propaganda da vacinação e de medidas de contenção
da epidemia.
Aqui, na semana que passou, Jair Bolsonaro disse a seguinte irresponsabilidade, uma covardia mesquinha: “Se tiver um efeito colateral ou um problema qualquer, já sabem que não vão cobrar de mim. Porque eu vou ser bem claro, ‘a vacina é essa’”, mais uma de suas campanhas para desmoralizar a vacinação e o trabalho de quem se dedicou a combater a calamidade.
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