Enquanto
o presidente Bolsonaro continua na sua negação da gravidade da situação
sanitária, fazendo piadas com a maioria de tementes à doença, corre nas redes
uma chocante seleção dos piores momentos do presidente durante a pandemia. O
mês de março, no começo da crise entre nós, mas quando o mundo já se encontrava
em situação crítica, foi quando Bolsonaro falou mais barbaridades.
Não
tínhamos nenhuma morte até então. No dia 9, Bolsonaro disse que a Covid-19
estava sendo “superdimensionada”. No dia seguinte, admitiu haver “uma pequena
crise”, mas que não era “esse problema todo que a grande mídia propaga”. Mas,
no dia 11, a Organização Mundial da Saúde decretou a pandemia, e no dia 15 ele
se superou. Disse que havia “interesses econômicos” por trás da pandemia.
No dia 20 de março, Bolsonaro disse que “depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar não”. No dia 22, já tínhamos 34 mortes, e Bolsonaro garantiu que a previsão era que não chegaríamos a 800 mortes, o número de mortos pela gripe H1N1.
Com
a mortalidade crescendo a cada dia, já tínhamos 46 mortes diárias, e Bolsonaro
fez um pronunciamento afirmando que “devemos, sim, voltar à normalidade”,
pregando o fim do isolamento. Em mais um pronunciamento oficial, no dia 26, com
77 mortes, Bolsonaro disse: “Pelo meu histórico de atleta, caso fosse
contaminado pelo vírus, o máximo que me aconteceria seria ser acometido de uma
gripezinha, ou um resfriadinho”.
Quando
as mortes chegaram a 136, no dia 29, ele admitiu: “O vírus está aí, vamos ter
que enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, não como moleques”. Mais adiante, já
em 20 de abril, e em disputa aberta com o então ministro da Saúde, Luiz
Henrique Mandetta, respondeu assim aos repórteres que lhe perguntavam sobre o
número de mortes, que já chegavam a mais de dois mil: “ Quem fala disso é
coveiro. Eu não sou coveiro”
Com
mais de cinco mil mortes, o presidente resignou-se: “E daí? Quer que eu faça o
quê?”. Com o aumento do número de mortes, que chegavam àquela altura a 162.802,
e infectados, Bolsonaro chamou a atenção da população: “Não podemos fugir da
realidade. Temos que deixar de ser um país de maricas”.
Diante
dos números assombrosos, no Brasil e no mundo, Bolsonaro teve a pe-tulância de
dizer, poucos dias atrás, no dia 10: “Estamos vivendo o finalzinho de uma
pandemia”. O mais recente vídeo revela o presidente fazendo uma piada
homofóbica em relação aos que temem a Covid-19, caindo na gargalhada junto com
outros parceiros. Até mesmo seu avatar Donald Trump, que durante muito tempo
foi um negacionista sem máscara, agora está pressionando a Food and Drug
Administration (FDA) para que libere o mais rápido possível o uso emergencial
da vacina da Pfizer. A decisão saiu ontem, no fim de semana. Aqui, ao
contrário, Bolsonaro pressiona a Anvisa para que retarde a vacinação, e não
permita a CoronaVac produzida a partir de insumos da China no Instituto
Butantan, em São Paulo.
Um
misto de disputa política com seu potencial adversário em 2022 e idiossincrasia
chinesa. A chanceler Angela Merkel apavorou-se quando o número de mortes na
Alemanha chegou a 600 por dia e convocou o Parlamento para aprovar novas
medidas restritivas, pois considerava esse número “inadmissível”. Aqui, onde já
tivemos mais de mil mortes diárias, estamos novamente com números crescentes,
aproximando-se das 800 mor- tes por dia novamente. E Bolsonaro vive repetindo
que este é um fato da vida, “todos nós vamos morrer um dia”.
O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, está correto ao identificar a balbúrdia na preparação da vacinação nacional como o maior erro político de Bolsonaro até agora. O erro deu-se desde o início, quando o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, avisou a ele que, no ritmo em que estávamos, teríamos 180 mil mortes até o fim do ano, o que tragicamente foi confirmado esta semana. Muitos não estariam mortos hoje se tivéssemos uma política humanista e científica desde o início da pandemia.
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