Folha de S. Paulo
Clamar pela liberdade de Bob Jeff não é
mais patético do que gritar 'Lula livre'
No âmbito do inquérito das milícias
digitais, aberto pelo ministro Alexandre de Moraes, deu-se a recente prisão
do caricato Roberto Jefferson. O ex-deputado, vale lembrar, fez parte da
tropa de choque de Collor quando o então presidente sofria processo de
impeachment e tinha o PT como verdugo no Congresso. Esse fato não o impediu de,
anos depois, levar seu partido para a base de apoio do governo Lula, ajudando-o
a submeter o Parlamento por meio do Mensalão, que ele mesmo, posteriormente,
delatou.
Na recente ordem de prisão decretada por Moraes, elencam-se mais de uma dezena de possíveis crimes de Jefferson, que, em seus vídeos, ameaça, calunia, difama, insulta, incita à violência e prega insurgência armada, ultrapassando o limite do que lhe é permitido pela liberdade de expressão.
Como resposta à prisão do aliado, Bolsonaro
acenou que pedirá ao Senado a abertura de impeachment dos ministros Barroso
e Moraes. Ocorre que, como lembrou ironicamente a senadora Simone Tebet,
“quem pede pra bater no 'Chico', que mora no Inciso II, artigo 52, da CF, se
esquece de que o 'Francisco' habita o Inciso I, do mesmo endereço"; ou
seja, o impeachment de Bolsonaro é mais iminente e mais urgente.
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Que o STF comete abusos, isso é público e
notório. O maior deles, diga-se de passagem, foi ter declarado suspeito o
ex-juiz Sergio Moro a fim de garantir a elegibilidade de Lula. Esse abuso foi
defendido com unhas e dentes pelo grupo de advogados de réus da Lava Jato
chamado Prerrogativas, que fez prevalecer uma narrativa torpe, baseada em
absurda inversão de valores que sustentou a sanha persecutória dos maiores
corruptos dessa malfadada República contra os integrantes da força tarefa de
Curitiba.
Que alguém com o perfil de Jefferson seja
elevado à condição de herói por ter sido preso revela o perfil do próprio
bolsonarismo. Mas clamar pela liberdade de Bob Jeff não é mais patético do que
gritar Lula livre em frente à sede da PF em Curitiba.
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