O Estado de S. Paulo
Deputados passaram a olhar perplexos com a possibilidade de votar a favor de um desmonte do teto
Ao menos, esperava-se mais
“profissionalismo” dos caciques do Centrão na condução da política econômica do
governo Jair Bolsonaro.
Eles tomaram as rédeas do comando da
economia, mas estão desorganizados, sem rumo certo e atirando para todos os
lados. Tem faltado planejamento. É verdade.
O último depósito do auxílio emergencial
ocorre no domingo, e os governistas não entregaram ainda uma solução para o
programa social como prometeram, aumentando as incertezas sobre o futuro de
quem recebe o benefício.
Os últimos dias mostraram que os
comandantes do Congresso ficaram perdidos com a articulação política que vem
sendo costurada para derrubar a PEC dos precatórios na votação da Câmara.
Se essa articulação falhar e a PEC for
aprovada na próxima quarta-feira, as lideranças do Centrão enfrentarão
problemas também no Senado.
A Casa se transformou num depósito de projetos mal feitos enviados na Câmara com aval do candidatíssimo à cadeira de Bolsonaro, o seu presidente Rodrigo Pacheco.
Sem votos ainda para aprovar a PEC – tábua
de salvação para mais emendas parlamentares e o Auxílio Brasil (sucessor do
Bolsa Família) de R$ 400 – o Centrão fala, nos bastidores, em prorrogação do
auxílio emergencial lançando mão do estado de calamidade. Em público, seguem
abraçados à PEC.
O quarteto Arthur Lira-ciro Nogueira-joão
Roma-ricardo Barros foi mesmo surpreendido pela mobilização e tem até
quarta-feira para buscar uma saída.
Defensores de um programa social robusto e
bem desenhado, os partidos de oposição estão (até o momento) unidos contra a
PEC. Movimento que o Centrão não contava por conta do apelo social da
necessidade urgente do lançamento turbinado do programa social.
Esse posicionamento da esquerda fez os
outros partidos se reposicionarem, como o MDB e Cidadania. O PSDB rachou, e o
Novo votou contra.
Os deputados passaram a olhar perplexos com
a possibilidade de votar a favor de uma PEC que desmonta o teto de gastos,
deixando a política econômica com a âncora fiscal à deriva.
Muitos deles temem ser apontados como os
responsáveis pelo teto de gastos, enquanto os partidos de esquerda fecharam
posição contra a PEC e a mudança na forma de pagamento dos precatórios, que
pode levar a uma bola de neve com a pedalada das despesas.
Sob nova direção, o time que cuida da
gestão fiscal-orçamentária (Esteves Colnago e Paulo Valle) tenta retomar
novamente as rédeas e a resistência. Mas o espaço já foi tomado.
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