Folha de S. Paulo
O Brasil de Bolsonaro é ruína de terreno
baldio
O que o governo brasileiro tem a apresentar
na Conferência
da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 26), em Glasgow (Escócia), para
conter o aumento da temperatura no planeta? Nada além de um pacote verde de
mofo, sem nenhum compromisso com o que deveria ser a nossa maior contribuição:
conter o desmatamento.
Bolsonaro empreende uma política de extermínio ambiental que só encontra paralelo em intensidade com o morticínio de brasileiros na pandemia, resultado de conduta igualmente criminosa. Sua guerra contra o meio ambiente é guiada por mentalidade colonizadora, que combina usurpação da terra, assassinato de seus donos originais e destruição de ecossistemas.
O Brasil que chega a Glasgow é um cemitério
de defensores da floresta. O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) registrou
aumento de 61% no assassinato de indígenas, que subiu de 113, em 2019, para 182
em 2020. O maior campo de batalha dessa guerra (mas não o único) é a Amazônia,
última e maior fronteira de recursos naturais do planeta. Como proteger esse
imenso acervo de informação genética ainda desconhecida pela ciência quando o
maior agente da devastação é o presidente?
Bolsonaro enfraqueceu a proteção ambiental,
espremeu o orçamento, ameaçou servidores, dificultou a aplicação de multas.
Suas ações e seu discurso de estímulo à ilegalidade (como o garimpo em terra
indígena) são o combustível mais incendiário da violência contra a floresta e
contra quem tenta mantê-la em pé.
As mudanças climáticas são o maior desafio
da humanidade neste século depois da pandemia de Covid.
O Brasil já foi um negociador estratégico
em todos os fóruns internacionais. Hoje, porém, se orgulha em ser visto como
nanico ambiental e diplomático. Tudo o que Bolsonaro tem a oferecer é pilhagem,
saque e florestas reduzidas a cinzas, porque tudo que floresce —seja gente,
seja mata— lhe é estranho. O Brasil de Bolsonaro é ruína de terreno baldio.
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