Folha de S. Paulo
Governo Bolsonaro é o habitat perfeito para
esses tipos
Em
recente coluna, Ruy Castro tratou dos esbirros de Bolsonaro. Antes definiu
a palavra, cujo uso tinha sido guardado numa cristaleira desde os tempos da
ditadura Vargas, para que não houvesse confusão com espirro. Em seus muitos
sinônimos, esbirro é um guarda-costas, um capanga, um jagunço, um quadrilheiro
e, modernamente, seu significado pode definir milicianos de Rio das Pedras com
conexões em Brasília.
Na explicação, Ruy lembrou que um esbirro é
diferente de um esparro. Este é "aquele que dá um esbarro na vítima para o
punguista bater-lhe a carteira". Segundo o dicionário Caldas Aulete, a
expressão tem origem no lunfardo, o subsistema linguístico gerado no meio
marginal de Buenos Aires que nos deu otário, mina, farra, fajuto, gatuno,
bronca, calote, afanar, estrilar —todas assimiladas, via praça Mauá, pelos
malandros do Rio.
Já usei aqui o termo esparro, mas com outra acepção: aquele que ocupa posição subalterna e é obrigado a cumprir ordens. Nas brincadeiras de garoto, quase um sinônimo de escravo. Dei como exemplo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que agiu para retardar a vacinação infantil agradando o chefe. O bom esparro obedece às cegas e ainda se esforça para puxar o saco, como fez Queiroga ao dizer que a primeira-dama Michelle Bolsonaro "é a mãe de todos os brasileiros".
No entanto, o prêmio de esparro da semana
ninguém tira da deputada federal Bia Kicis, que
ilegalmente vazou no WhatsApp dados pessoais de três médicos que
defenderam a imunização de crianças na audiência pública convocada pelo
Ministério da Saúde. Foi a senha para que os esbirros entrassem em ação com
ofensas e ameaças na internet.
Esbirros e esparros são primos próximos que encontraram no governo o habitat perfeito. A mando de Bolsonaro, agem por dentro das instituições com a finalidade de destruí-las. Para não dar pinta demais, eles se revezam no cumprimento dos atos de baixeza.
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