Revista IstoÉ
O processo de globalização unificou o mundo de tal forma que a aplicação de sanções terá impacto negativo em todas as principais economias
A invasão da Ucrânia por parte da Rússia abre um novo momento na história. Tivemos a Guerra Fria entre 1945 até a queda do muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. O fim do socialismo real na Europa Oriental, a desagregação da União Soviética em mais de uma dúzia de países e as transformações capitalistas na Rússia – e seu consequente enfraquecimento no jogo geopolítico-militar mundial – deram aos Estados Unidos o protagonismo único na nova ordem. A China, neste período, passava por radicais transformações econômicas e teve papel pouco significativo em questões militares, priorizando as relações econômicas com a África negra, a América Latina e algumas regiões da Ásia.
Os últimos acontecimentos redesenham a
geopolítica mundial. A Rússia voltou ao primeiro plano com um potencial militar
de respeito – em alguns pontos semelhantes à época da União Soviética. A China
já é uma potência também militar. E mais, a aproximação Rússia-China – a
“amizade sem limites” – torna ainda mais complexo o novo quadro de forças. Sem
esquecer o rearmamento alemão com a triplicação do orçamento militar, o que não
traz boas lembranças.
Esta crise não tem paralelo na história
recente. O processo de globalização unificou o mundo de tal forma que a aplicação
de sanções terá impacto negativo em diversas economias.
E nós, como vamos nos posicionar? Na crise
mundial mais grave deste século, ao invés de instalar um gabinete de crise,
Bolsonaro está em férias no Guarujá. Disse que prefere manter a neutralidade.
Neutralidade? Houve uma invasão militar, sem, inclusive declaração formal de
guerra. Mas no Conselho de Segurança, o nosso embaixador na ONU apoiou –
corretamente – a resolução patrocinada pelos Estados Unidos. Afinal, qual é a
posição do governo brasileiro: a do Guarujá ou a exposta em Nova York?
O Brasil vai ser atingido pela guerra. É
inadmissível supor que seja possível mercadejar os princípios do artigo 4º da
Constituição – que trata das relações exteriores – com o fornecimento de
fertilizantes da Rússia. Isto só pode passar pela mente doentia de Bolsonaro.
Ja fomos atingidos pela pandemia, agora pela guerra Rússia-Ucrânia. Na pandemia
o governo cometeu crimes de lesa humanidade. E agora, o que fará? É
importantíssimo que os setores democráticos não percam tempo e desenhem
estratégias econômicas e diplomáticas para o nosso País. Deixar esta tarefa com
Bolsonaro e sua caterva vai ser um desastre para o Brasil.
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