O Estado de S. Paulo
Dependência de Bolsonaro cresce a cada dia
e a crise da vez é a CPI do MEC
Há uma nova queda de braço na praça.
Enquanto os holofotes se voltam para as eleições de outubro e as crises do
governo de Jair Bolsonaro, envolvido em intermináveis brigas com o Supremo
Tribunal Federal, o Centrão atua no Congresso para manter o poder. No pacote
idealizado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, o grupo continuará dando as
cartas da República seja qual for o resultado das urnas.
Lira está em campanha por mais um mandato à
frente da Casa, a partir de fevereiro de 2023. Certo de que será reconduzido ao
cargo, prevê até mesmo comandar um “novo Centrão”, ao sabor das conveniências
políticas no day after eleitoral.
Diante do favoritismo do ex-presidente Lula nas pesquisas e da estagnação de Bolsonaro, o Centrão vislumbra agora oportunidades para se mostrar ainda mais indispensável ao Planalto. É Lira que está por trás de propostas de emenda à Constituição que vão do semipresidencialismo à permissão para que deputados e senadores possam revisar decisões do Supremo.
A dependência do Planalto cresceu após os
aumentos da gasolina e, agora, com o agravamento da crise que expôs o balcão de
negócios no MEC, revelado pelo Estadão em março. A pressão do governo para o
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, engavetar o pedido de CPI protocolado
ontem é grande. E lá está o Centrão para dar mais esse auxílio emergencial a
Bolsonaro e cobrar a fatura.
Em estratégia combinada com o chefe da Casa
Civil, Ciro Nogueira, Lira também quer mudar a Lei das Estatais. Mesmo
sob os protestos do ministro da Economia,
Paulo Guedes, as alterações são defendidas com o argumento de que só assim será
possível facilitar trocas na cúpula da Petrobras. Mas e o loteamento político?
“Ponha na sua cabecinha que nenhum de nós,
nem Centrão, nem centrinho, nem centrado, quer mexer com indicações de cargos
na Petrobras”, disse Lira.
Aliados de Bolsonaro afirmam que o maior
interesse, hoje, reside no orçamento secreto. Com receio de que o arranjo acabe
em eventual novo governo, Lira age para tornar obrigatório o pagamento das
emendas de relator, que irrigam redutos de parlamentares e podem passar para R$
19 bilhões em 2023. É o dinheiro dessas emendas, também usado em articulações
por sua reeleição, que turbina o Fundo da Educação e autarquias como Codevasf e
Dnocs. Tudo, é claro, nas mãos do Centrão.
Embora Lula diga que, se vencer, não
apoiará a recondução de Lira à presidência da Câmara, muitos no Congresso acham
que o PT evitará correr o risco de produzir outro Eduardo Cunha, com a caneta a
postos para autorizar um processo de impeachment. O dote do Centrão é Lira. Em
qualquer governo. •
Um comentário:
''Nem centrão,nem centrinho,nem centrado'',gostei,rs.
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