No Rio, pré-candidato ao governo pelo PSB receberá Lula em palanque que só terá lugar para um concorrente ao Senado: Ceciliano
Por Gabriel Sabóia e Jan Niklas / O Globo
RIO DE JANEIRO - A confirmação da viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Rio para um evento de formalização do seu palanque no estado, no próximo dia 7, fez a campanha de Marcelo Freixo (PSB) se mobilizar para que o ex-prefeito do Rio Cesar Maia (PSDB) esteja no palanque.
A ida de Cesar simbolizaria a chamada
“frente contra o bolsonarismo”, movimento representado no Rio pela candidatura
de Cláudio Castro (PL), além de ser considerado um ato histórico, após anos de
embates entre o petista e tucanos.
Convidado para ser vice de Freixo, Cesar Maia ainda não se manifestou oficialmente. Enquanto isso, lideranças do PT e do PSDB tentam atrair para a aliança o também pré-candidato ao governo do Rio, Felipe Santa Cruz, e o seu padrinho político Eduardo Paes, ambos do PSD. Recentemente, Paes negou a Lula a possibilidade de retirar o nome de Santa Cruz da disputa ao governo, mas acenou com um palanque duplo para o petista.
Por isso, o assunto é tratado com cuidado:
caso a presença de Cesar Maia, que também tem convite de Santa Cruz para ser
vice, seja confirmada, a atitude pode ser interpretada como um “atropelo” às
negociações e um rompimento definitivo com Paes. O evento está previsto para
ocorrer num ato público na Cinelândia, no Centro do Rio, às 18h.
Barrado no baile
Lula já fez chegar ao ouvido de dirigentes
petistas no estado que o evento vai ser só do PT com Freixo. Nenhuma liderança
do PSB foi convidada até o momento. Além disso, está vetada a participação do
pré-candidato do PSB ao Senado, o deputado Alessandro Molon — adversário do
petista e presidente da Alerj, André Ceciliano.
Carregando debaixo do braço pesquisas de
intenção de voto para o Senado que lhe posicionam como o candidato da esquerda
mais bem colocado para a disputa, Molon ainda tenta convencer o PT a ceder a
vaga na chapa de Lula no Rio.
O pessebista já conta com o apoio da
federação Rede-PSOL para lançar seu nome. Porém, o PT vem aumentando a pressão
sobre o parlamentar, ressaltando que o campo da esquerda deve caminhar com
candidatura única ao Senado.
Na semana passada, o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) decidiu que partidos que compõem uma coligação podem lançar
mais de um candidato ao Senado. A decisão deixou em aberto a possibilidade de
Molon manter sua candidatura ao lado da de Ceciliano.
Porém, a avaliação entre dirigentes
petistas é que o partido não pode abrir mão de ter pelo menos um nome na
disputa majoritária no Rio. Na segunda-feira, o PCdoB oficializou o apoio à
pré-candidatura de Ceciliano. Ao GLOBO, o presidente do PT fluminense, João
Maurício de Freitas, afirmou que o partido pode romper a aliança para apoiar
Freixo na disputa ao governo do estado, caso o PSB não retire a candidatura de
Molon ao Senado.
— Tenho certeza que a aliança será rompida
se o acordo nacional não for cumprido. A decisão acertada foi o PSB indicar o
candidato a governador (Freixo) e nós ao Senado (Ceciliano) — disse João
Maurício, que prevê ainda para esta semana uma definição sobre a chapa no
estado.
A mesma posição tem a direção nacional do
PT. Presidente do partido, Gleisi Hoffmann insiste que não há como o PSB ficar
com as duas vagas para as disputas majoritárias.
A candidatura de Molon ao Senado vem sendo
esvaziada até mesmo dentro do PSB: único prefeito do partido no estado, o
petropolitano Rubens Bontempo sinalizou voto em Ceciliano.
— Ceciliano foi o primeiro a prestar ajuda
e solidariedade no momento mais delicado da recente tragédia em Petrópolis.
Destinou R$ 30 milhões à cidade. Temos uma dívida de gratidão com ele. Não
podemos deixar de estar com Ceciliano nesta caminhada — disse Bontempo em evento.
Nas redes sociais, houve outra longa
declaração pública de apoio através de um texto em que destaca os esforços do
petista para colaborar na recuperação da Cidade Imperial após a destruição
provocada pelas chuvas.
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