quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Bruno Boghossian - O TSE chegou atrasado

Folha de S. Paulo

Bolsonaro sabe que mentiras se espalham com mais velocidade do que a resposta de autoridades

O Tribunal Superior Eleitoral levou 36 dias para derrubar o vídeo da reunião com embaixadores em que Jair Bolsonaro repetiu mentiras sobre as urnas. O ministro Mauro Campbell apontou que o presidente "insiste em divulgar deliberadamente fatos inverídicos" e que a conduta pode configurar uma prática abusiva.

A decisão indica que o tribunal conhece muito bem os métodos de Bolsonaro, mas continua sem um plano eficaz para contê-lo. O presidente só "insiste em divulgar deliberadamente fatos inverídicos" porque percebeu que suas mentiras se espalham com mais velocidade do que a resposta de qualquer autoridade. Além disso, sentiu que as punições são pouco dolorosas.

Naquela reunião com embaixadores, Bolsonaro fez estrago em tempo real, mas as falsas suspeitas sobre o sistema de votação continuaram no ar por mais cinco semanas —incluindo acusações desmentidas exaustivamente pelo próprio TSE.

Na decisão, Campbell apontou que havia o "risco evidente de irreversibilidade do dano" à confiabilidade do processo eleitoral. Se esse prejuízo é mesmo irreversível, nenhuma autoridade pode se orgulhar de ter feito muita coisa para evitá-lo nesse caso.

O encontro de Bolsonaro com os embaixadores ocorreu no dia 18 de julho. No início de agosto, o YouTube tirou a gravação do ar, mas a transmissão continuou disponível nas redes sociais e até na TV Brasil, controlada pelo governo. O acesso aos vídeos ficou livre até que o TSE aceitasse um pedido de remoção que só foi feito pelo PDT na semana passada.

Nas eleições de 2018, a Justiça Eleitoral foi atropelada pelas fábricas de desinformação. Já depois do primeiro turno, a presidente do TSE, Rosa Weber, disse que a corte ainda estava "aprendendo a lidar com fake news".

Ao assumir o comando do tribunal, na semana passada, o ministro Alexandre de Moraes prometeu resposta "célere, firme e implacável" a práticas abusivas ou fraudulentas. A Justiça Eleitoral tem poucas semanas para mostrar se aprendeu algo nos últimos quatro anos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Magnífica coluna! Bolsonaro comete crimes em série, porque a Justiça não consegue alcançá-lo. Ele aposta na repetição da mentira por centenas de vezes, acreditando que otários como seus seguidores vão acabar acreditando nela ou desconfiando da Justiça ou do TSE. Criar alguma desconfiança nas urnas eletrônicas ou na ação do TSE é tudo o que querem os bolsonaristas, desde o miliciano-mór até o mais ínfimo papagaio, passando por todo o rebanho que é tangido pelo Gabinete do Ódio!

Anônimo disse...

A prática da narrativa da esquerda é essa, xingar, desclassificar e agredir o opositor, não precisa argumentar nada
Enquanto Lula que comandou o maior assalto aos cofres públicos de todos os tempos , enquanto dizia defender os trabalhadores brasileiros
Traidor da Pátria
O povo não esquece e vai elegeu Bolsonaro no primeiro turno, anota aí