quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Adriana Fernandes – ‘La garantia soy yo’

O Estado de S. Paulo

As famílias que recebem o benefício são as maiores vítimas, em um mar de incertezas

Os marqueteiros da campanha do presidente Jair Bolsonaro querem escalar o ministro da Economia, Paulo Guedes, para garantir em público o compromisso com a extensão do valor do Auxílio Brasil de R$ 600 a partir de 2023.

A definição do momento certo e da forma para fazer isso é tratada como segredo de Estado na campanha.

A elevação permanente do piso do benefício de R$ 400 para R$ 600 é hoje assunto classificado como altamente sensível nas eleições porque daqui a cinco dias o governo terá de carimbar o Auxílio de R$ 400 no projeto de Orçamento de 2023 a ser enviado ao Congresso.

O simples ato de envio da lei orçamentária com R$ 400, no entanto, tem sustentado o discurso da campanha do PT de que Bolsonaro, se eleito, não vai manter o adicional de R$ 200.

A área econômica diz que não pode enviar com R$ 600 porque não há marco legal. Alegam que o TCU tem sido rígido em relação ao que pode constar no projeto de Orçamento, depois do governo Dilma Rousseff.

Guedes quer atrelar o financiamento do Auxílio turbinado às receitas com a volta da tributação de lucros e dividendos prevista em projeto de reforma do Imposto de Renda já aprovado na Câmara e em tramitação no Senado.

Como mostrou o Estadão em julho, o combinado é que o compromisso com os R$ 600 esteja numa mensagem presidencial com o projeto. Na campanha, muitos não estão convencidos e cobram outro jeitinho.

Uma das possibilidades é a fixação do aumento da despesa do Auxílio Brasil condicionado à aprovação de PEC a ser enviada.

Mas essa estratégia envolve muitos riscos. Bolsonaro abriria um flanco antes das eleições. Indicaria que não vai renovar os outros auxílios e ficaria exposto a emendas dos opositores no Congresso para pressionar o governo.

A maior artilharia vem do novo aliado de Lula, o deputado do Avante André Janones, que espalha a tática do medo de que só com Lula o benefício continuará em R$ 600.

Estrategicamente, Lula e Janones em aparição conjunta nas redes sociais chamam o Auxílio Brasil de auxílio emergencial e reforçam a volta do Bolsa Família, programa criado pelo PT.

Só que o Auxílio Brasil não é emergencial da pandemia. É para confundir. No contragolpe, espalham-se notícias falsas de que, com Lula eleito, voltam o Bolsa Família e o benefício médio de R$ 190 que vigorava na sua época.

Nesse jogo sujo, as famílias pobres e vulneráveis que recebem o benefício são as maiores vítimas, atiradas num mar de incertezas. Maldade eleitoral. •

Um comentário:

Anônimo disse...

Se a garantia é Bolsonaro, NÃO HÁ GARANTIA!! Pois o genocida não tem palavra, e a mentira é sua religião e política!