O Estado de S. Paulo
Ainda há muito a fazer no mundo, e não apenas nas áreas econômica e internacional
O tempo está passando rápido em direção às
novidades que aguardam o mundo em 2023. É provável que poucas delas venham a
ser inequivocamente positivas. As populações estão inquietas e infelizes. As
eleições não unificaram, mas sim endureceram as diferenças internas. Paz e
bem-estar para todos estão se transformando em sonhos impossíveis. Os conflitos
são abundantes e as projeções econômicas para o ano que vem estão cada vez mais
negativas.
As relações internacionais voltaram a ficar críticas. A invasão ucraniana por Putin afetou fundamentalmente os países da Otan. A liderança americana no fornecimento de armas necessárias foi acompanhada por maiores gastos militares em quase todos os lugares. Na Ásia, o conflito entre a China e os Estados Unidos se expandiu, com o futuro status de Taiwan cada vez mais em questão.
Agora, o Brasil também se movimenta para
trazer o Itamaraty de volta à liderança internacional no trato com a China, a
Europa e a África, além dos países da América Latina. Mauro Vieira, o chanceler
de Lula, tem se empenhado ativamente na marcação de reuniões com líderes de
outras nações. Lula proclamou abertamente o retorno à liderança ambiental, a
conclusão favorável de um tratado União Europeia- Mercosul, a revisão de
esforços anteriores para unir a América Latina (dadas as recentes vitórias da
esquerda no Chile e na Colômbia) e a garantia de atenção às relações Sul-Sul.
Os Congressos dos EUA e do Brasil ainda
tentam chegar a acordos orçamentários que permitam maior liberdade para seus
executivos sustentarem escolhas políticas já confirmadas.
Os presidentes Biden e Lula se apressam
para fazer com seus Congressos acordos que abram possibilidades para maiores
gastos antes de começarem a enfrentar perspectivas cada vez maiores de recessão
generalizada no mundo. Mas petistas e democratas não estão apenas menores em
número. Muitos dos líderes estão mais velhos e competem, às vezes
desfavoravelmente, com membros mais jovens e ambiciosos. Lula já deu a entender
que não voltará a concorrer. Talvez Biden faça o mesmo.
Ainda há muito por fazer, não apenas nas
áreas econômica e internacional. O avanço cultural também é importante. Vivemos
um momento de desafio sem precedentes. Lula venceu, mas por pequena margem e
com o apoio de muitas lideranças e partidos políticos. Biden também evitou a
grande derrota projetada por tantos pesquisadores. A qualidade conta. Um feliz
ano-novo a todos.
*Economista e cientista político, professor emérito nas Universidades de Columbia e da Califórnia em Berkeley
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