O Estado de S. Paulo
Livro mostra grupos organizados que pavimentaram o caminho para o atual presidente
Um mapa de Brasília publicado no site do
Estadão mostra os lugares onde extremistas que apoiam o presidente Jair
Bolsonaro queimaram ônibus, explodiram carros e depredaram prédios – entre
eles, a 5.ª delegacia da Polícia Civil. A navegação digital permite assistir
aos vídeos que mostram os vândalos bolsonaristas em ação. São cenas de horror.
É inevitável lembrar de outro mapa – este do Rio de Janeiro, rabiscado há mais de 30 anos, à mão. Nele, um militar desenha o sistema de abastecimento hidráulico da cidade, com destaque para a adutora do Guandu. Diante de uma repórter incrédula, ameaça colocar uma bomba na adutora caso uma reivindicação de reajuste salarial não fosse atendida. A repercussão da reportagem, publicada na revista Veja, atrapalhou os planos do militar.
Um livro nos ajuda a entender o percurso
entre o horror que não chegou a acontecer e o que tomou as ruas de Brasília: O
ovo da serpente, da jornalista Consuelo Dieguez. É uma obra essencial, que
entrevista bolsonaristas e mergulha nas entranhas do fenômeno. Consuelo mostra
que o atual presidente não é produto apenas do universo paralelo das fake news.
Vários grupos organizados pavimentaram seu caminho.
“Eles viram em Bolsonaro o único que
poderia derrotar o PT, e acharam que seria possível controlá-lo no governo”,
diz Consuelo, entrevistada no minipodcast da semana. Entre esses grupos estão
militares que se sentiram ameaçados com a Comissão da Verdade, pecuaristas
amedrontados com o MST e evangélicos que se opunham a uma pauta mais liberal na
área dos costumes.
Bolsonaro, no entanto, mostrou que era – e
ainda é – incontrolável. O livro conta que, durante a campanha eleitoral, o
general Carlos Alberto dos Santos Cruz ouviu de um historiador amigo: “Quem vai
segurar esse doidão, esse cavalão?” Santos Cruz respondeu: “Eu vou segurar. Sou
diferente de vocês, da esquerda, que não seguraram o doidão de vocês, o Lula”.
Santos Cruz ocupou a Secretaria de Governo.
Foi um dos primeiros a ser exonerado.
Consuelo calcula que os bolsonaristas raiz
somem uns 10% da população e que os extremistas que queimam ônibus sejam uma
pequena fração disso. Trata-se de uma minoria – uma minoria perigosa.
Bolsonaro, o indomável, não parece apto a controlá-la nem interessado. Como
observou o Estadão em editorial, até incentiva seus apoiadores extremistas, ao
avalizar as supostas razões para os atos de vandalismo.
Talvez isso ocorra porque a mão que hoje
segura a caneta presidencial é a mesma que, em 1987, rabiscou o mapa de um
atentado a bomba.
*Escritor, professor da Faap e doutorando em ciência política na Universidade de Lisboa
2 comentários:
O GENOCIDA sempre teve mentalidade CRIMINOSA! Explodir bombas, desobedecer os oficiais superiores, apoiar torturas e torturadores, pregar assassinatos de pessoas (em princípio "bandidos", mas não só estes, incluindo adversários políticos), empregar servidores fantasmas pra ficar com a maior parte dos salários deles (comandou "rachadinhas" por décadas), empregar dezenas de parentes como assessores, boicotar vacinas e máscaras que poderiam salvar centenas de milhares de brasileiros da morte... A lista de CRIMES do GENOCIDA é mesmo enorme! Talvez tenha começado naquele mapa rabiscado pelo canalha terrorista que o Exército aceitou, ensinou e treinou, e depois teve que EXPULSAR!
O Estadão sabe das coisas,o editorial do Globo disse que Bolsonaro não incentiva os malucos golpistas.
Tá.
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