quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Thiago Resende - O PT e redenção da política

Folha de S. Paulo

Presidente reabilitou figuras do mensalão, exaltou o PT e chamou outros partidos de "cooperativas de deputados"

Lula tem mantido postura de enfrentamento a quem possa atrapalhar seus planos políticos –mesmo durante a quase submersão política de Jair Bolsonaro no seu retiro nos Estados Unidos. Agora o ex-presidente voltará para uma oposição mirando na economia, mas já pronto para retomar antigos fantasmas do PT.

O discurso antipolítica alçado por Bolsonaro não se dobra ao resultado da eleição. E os vícios de um político experimentado, como Lula, e de um PT de olho na militância, que não representa a maioria da população, se tornam alvos fáceis.

Lula voltou ao poder, reabilitou figuras ligadas ao mensalão e aliados envolvidos em outras denúncias. Além da falta de renovação, continua a narrar como golpe o impeachment de Dilma Rousseff.

Atores do processo ainda residem no Congresso. Tratá-los como golpistas estremece a reconstrução da política que Lula propõe. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, em entrevista à Folha põe em dúvida a confiança no MDB, que está no governo.

Na economia, Lula centra ataques à meta de inflação do Banco Central (definida antes da eleição). A luta contra os juros altos ganha contornos políticos quando aliados tentam pregar a imagem de bolsonarista ao presidente do órgão.

Lula começou a escrever um novo capítulo em sua biografia. Embora tenha moderado algumas declarações, a história recente ainda guarda registros, como chamar o Congresso de "o pior". Isso tem um preço: o da desconfiança.

Em entrevista à CNN, o presidente chegou a dizer que o Congresso é o retrato da sociedade. Por isso, "não pode reclamar, tem que conviver". Logo depois, exaltou o PT e chamou outros partidos de "cooperativas de deputados".

A vitória apertada de Lula contra Bolsonaro não é mérito apenas do PT e da esquerda. Partidos de centro também se colocaram contra aos ataques à democracia. E Lula precisa de estabilidade política para governar e para afastar risco da volta do populismo de direita.

 

3 comentários:

Anônimo disse...

Mais um bosta-rala com ares de grande analista

Anônimo disse...

Que imagem o colunista quer para um presidente do Banco Central "independente" que vai votar 2 vezes de camiseta amarela?

ADEMAR AMANCIO disse...

Populista.
Sei.