O Globo
Governo aposta em ofensiva publicitária,
mas presidente é aconselhado a evitar novos conflitos
Na semana passada, um velho aliado entregou
uma carta a Lula. Em tom de alerta, o texto enumerava tropeços no início do
governo. E sugeria que o destinatário maneirasse para evitar novos conflitos e
esfriar a temperatura política no país.
Para o conselheiro, o presidente erra ao
alimentar a polarização em vez de combatê-la. Isso daria fôlego ao bolsonarismo
e produziria efeitos negativos sobre a popularidade dele.
O novo Datafolha confirma que Lula começou
pior do que em seus dois mandatos anteriores. Às vésperas de completar cem dias
no cargo, o petista é aprovado por 38% e reprovado por 29% dos brasileiros. Em
abril de 2003, ele tinha 43% de bom e ótimo e apenas 10% de ruim e péssimo. Em
2007, após a reeleição, os índices eram de 48% e 14%.
Todos sabiam que a nova largada seria mais
difícil. O presidente venceu uma eleição muito apertada, que refletiu a divisão
do país. E enfrenta uma oposição barulhenta e radicalizada, sem paralelo com a
dos tucanos de duas décadas atrás.
Ainda assim, Lula teve a chance de virar a página e criar um clima de união nacional após os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele acertou na reação imediata aos ataques, mas depois se atrapalhou com a própria incontinência verbal.
É consenso entre aliados que o presidente
derrapou ao chamar Jair Bolsonaro e Sergio Moro para o ringue. O capitão estava
no córner após o escândalo das joias, e o ex-juiz sofria um nocaute por semana
em sua estreia no Senado.
Os ataques ao mercado e o Banco Central
também foram golpes ao vento. Não resultaram na queda dos juros e reacenderam a
má vontade da elite econômica com o petista.
Na campanha, Lula se aliou a rivais
históricos e prometeu voltar ao poder sem ressentimentos. Chegou a se comparar
a Nelson Mandela, que amargou 28 anos de cadeia e depois liderou um governo de
reconciliação na África do Sul. Ao abandonar o figurino “paz e amor”, o
presidente reabilita adversários caídos e põe obstáculos em seu próprio
caminho.
Nos próximos dias, o Planalto lançará uma
ofensiva publicitária com o mote “O Brasil voltou”. A ideia é capitalizar a
retomada de programas sociais que haviam sido desmontados pelo bolsonarismo,
como Bolsa Família, Mais Médicos e Minha Casa, Minha Vida.
A propaganda pode melhorar o humor do
eleitorado, mas o presidente também precisa se ajudar.
Veja bem, seu delegado...
A vida já foi mais leve para para Donald
Trump e Jair Bolsonaro. Depois de serem apeados do poder, os ex-presidentes
agora enfrentam problemas com a polícia.
Nesta terça, o americano terá que se
explicar sobre a acusação de suborno para silenciar a atriz pornô Stormy
Daniels. Na quarta, o brasileiro será ouvido pela PF sobre o escândalo das
joias sauditas.
Como sempre, Trump está um passo à frente de seu imitador. O magnata já prestará depoimento na condição de réu.
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