Folha de S. Paulo
Lula e Lira lucram com briga entre
Bolsonaro e o governador de São Paulo
O que parecia ser um destino natural
—liderar a oposição— torna-se um desastre diante da irracionalidade de Bolsonaro. Inelegível em estado de
negação, acreditando que poderá concorrer à Presidência em 2026, o
ex-presidente jogou aquele que era tido e havido como seu herdeiro
político, Tarcísio de Freitas, às feras do extremismo. Com o tempo, a
treta entre os dois poderá evoluir para um rompimento definitivo, dando adeus à
chapa Tarcísio/Michelle, sonho de certos líderes evangélicos.
Depois de apoiar a Reforma Tributária, o governador de São Paulo virou comunista de carteirinha. A milícia digital não perdoa: cancela. Se existisse alguma lógica, o certo seria classificá-lo como oportunista. Tarcísio não quis perder o bonde da história —coisa que Bolsonaro não se cansa de fazer. Seu atual patrão, Valdemar Costa Neto, terá trabalho para disciplinar o empregado. Isso se ele não levar uma justa causa no caminho.
Lula não meteu a mão na cumbuca. Ficou de
longe, deixando o trabalho de articulação e convencimento para Fernando Haddad,
um nome mais palatável. Evitou que o projeto fosse etiquetado como uma reforma
do PT —o que de fato é. Ao mesmo tempo em que estabelece uma cesta básica nacional de alimentos com isenção de
tributos, amplia a mesma isenção para organizações ligadas a igrejas.
O estilo chantagista de Arthur Lira venceu. O Planalto, que também conseguiu
aprovar a mudança nas regras do Carf, teve de abrir o cofre. Na véspera da
votação, bateu um recorde na liberação de emendas —R$ 5,3 bilhões autorizados
para projetos e obras em redutos eleitorais de parlamentares.
Para descansar e comemorar a suspensão do inquérito que investiga supostos
desvios em compras de kit de robótica, Lira agendou uma viagem com a família.
Um cruzeiro de Wesley Safadão, que sai da Flórida com passagem
pela chamada "ilha exclusiva do Safadão nas Bahamas". Ele merece.
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