Folha de S. Paulo
Partido sacrifica tudo, de parceiros à
coerência, para manter viva sua relevância
O PT é um mestre na
arte da sobrevivência. Partidos com muitos menos problemas que os enfrentados
pelos petistas têm sido vítimas fatais da má administração de circunstâncias
adversas e/ou dos próprios erros.
Não foram poucos os infortúnios enfrentados
pelo sobrevivente de enormes escândalos, da dizimação da antiga cúpula,
da prisão do
líder maior e de fracassos eleitorais. Nada disso posto à mesa
da consciência na forma de autocrítica.
Para o PT, qualquer que seja a questão é culpa sempre do outro. Sujeito oculto ou explícito, não interessa, desde que alguém que não seja do partido esteja na posição de candidato a réu. Político, jurídico ou eleitoral. Faz parte da precisão com que é executado o plano de seguir relevante apesar dos pesares.
Os iludidos da frente ampla se espantam e a
direita adesista se irrita quando veem o PT aprovar uma resolução atacando
diretrizes e parceiros do governo. De outra forja, não compreendem a lógica do
embate permanente que mantém o partido vivo.
Por mais que não encontre respaldo na
realidade e nas necessidades governamentais, a expressão "austericídio" para
comparar rigor fiscal a suicídio político é um achado. Fornece matéria-prima à
combatividade da militância. Não deixa morrer a chama que no PSDB apagou-se
no vácuo de poder.
Lula e
o PT não brincam em serviço e, nesta tarefa, atuam juntos. O presidente faz
como Fernando
Haddad diz que é para fazer, mas exorta o partido a dizer o
oposto. Chama o centrão de raposa guardiã do "galinheiro" e, assim,
dá a impressão de que não cedeu ao que de fato se rendeu.
Rendição tática a fim de recuperar terreno.
Em São Paulo, Lula dá toda a força a Guilherme
Boulos, tenta atrair Marta Suplicy no
intuito de fincar bandeira no estado, antiga cidadela tucana. Se der certo,
terá mais valor que todas as prefeituras que o PT não conseguir recuperar e a
direita vier a conquistar.
2 comentários:
■ " O presidente faz como Fernando Haddad diz que é para fazer, mas exorta o partido a dizer o oposto. Chama o centrão de raposa guardiã do "galinheiro" e, assim, dá a impressão de que não cedeu ao que de fato se rendeu. ".
=》O de sempre::
■Lula sai gritando que o Centrão é a raposa sem assumir que é ele, Lula, quando está presidente, o tutor da raposa.
■E a raposa, bem treinada que é, sempre traz as galinhas para dividir com Lula, do mesmo modo como dividia as galinhas com Jair Bolsonaro quando era ele o tutor e, antes, nos quatro mandatos do PT anteriores a Bolsonaro, a raposa já dividia as galinhas com Lula.
Verdade.
Postar um comentário