Folha de S. Paulo
Expansão do CV torna instável planejamento
para as eleições
A porta do caveirão é aberta. Um policial
salta com fuzil e balaclava no rosto, olha para os lados e dá sinal positivo
para o colega de farda pular. O outro desce, com cuidado. Em suas mãos, em vez
da arma, está uma caixa de papelão na qual está escrito "urna
eletrônica".
A cena pode ser presenciada em dias de eleições no Rio de Janeiro em locais de votação localizados no interior de comunidades que são classificadas de risco pelas polícias, devido à alta possibilidade de confrontos armados. É obrigatória a presença policial com as urnas.
Para antecipar a organização, as urnas são
levadas para as seções eleitorais na noite anterior ao pleito. Um agente de
segurança, então, costuma pernoitar para fazer a vigilância. Já em algumas
áreas, pela presença de criminosos armados, isso é contraindicado. Assim,
nesses locais, as urnas são levadas no dia da votação com os blindados —cuja
caveira enorme no símbolo do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais)
gerou o apelido aos veículos da tropa.
Os blindados são usados para levar e buscar
as urnas, seja no interior da Vila Aliança, na zona oeste, ou no Complexo do
Alemão, na zona norte. A Polícia Militar já recebeu uma prévia dos locais de
votação e passou a definir quais áreas receberão o aparato de segurança. Nas
eleições anteriores, elas tinham em comum a influência de traficantes, já que
milicianos não têm o costume de entrar em confronto com policiais.
A novidade este ano ocorre em razão da
mudança na geopolítica do crime: o
Comando Vermelho se expande com o objetivo de formar um cinturão que engloba as
zonas norte, oeste e baixada. Não é possível definir ainda em quais áreas a
polícia poderá entrar e sair sem riscos. Resta ao eleitor usar a melhor defesa
que possui para mudar esse cenário: o voto.
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