Folha de S. Paulo
Generais sabem que ex-presidente conspirou e
o que lhes teria acontecido se o golpe tivesse dado certo
Pelo que já vazou, os depoimentos do general
Freire Gomes e do brigadeiro Baptista Júnior à Polícia Federal
confirmaram que Bolsonaro lhes apresentou a minuta do golpe de Estado. Também
teria partido de Jair a ordem de não desmobilizar os acampamentos em frente aos
quartéis.
Vocês devem se lembrar do Jair na Paulista
dizendo que antigamente golpe era tanque na rua, e agora é só "uma
minuta".
Pois bem, Jair: quando você propôs a minuta aos chefes das Forças Armadas, você deu a ordem para que os tanques fossem para a rua. Se os tanques não te obedeceram, Jair, não é problema do juiz que vai te colocar em cana por tentativa de golpe de Estado.
O depoimento do general e do brigadeiro são
importantes também porque enfraquecem o discurso dos políticos bolsonaristas.
Eles não são Alexandre de
Moraes, não são a mídia, não são de esquerda. Mas o que eles dizem
prova que Jair
Bolsonaro é um criminoso que tentou destruir a democracia
brasileira. Eles estão mentindo, Tarcísio? Caiado? Gente do centrão que entrega
comissões do Congresso para bolsonaristas?
É fácil entender por que as Forças Armadas
não estão bancando Jair. As investigações já deixaram claro que, se o golpe de
Bolsonaro tivesse dado certo, muita gente grande entre os militares teria sido
fuzilada. Freire Gomes seria o primeiro, mas não o último.
A Polícia Federal já descobriu que, durante
as jornadas golpistas que começam com a derrota de Bolsonaro e seguem até o 8
de janeiro, os golpistas usavam o programa de Paulo Figueiredo na Jovem Pan
(onde mais?) para "denunciar" militares que não aderiam ao golpe.
Os vídeos de Figueiredo –que é herdeiro do
golpe passado, neto de nosso último ditador– são explícitos e, já que o golpe
deu errado, meio cômicos: em 29 de novembro de 2022, por exemplo, no vídeo
"Paulo Figueiredo fala sobre clima no Exército e cita os nomes dos
generais contra o Brasil", Figueiredo afirma que o general Richard Nunes
seria contra o golpe por ser de esquerda (minuto 6:20). O general Tomás Ribeiro
Paiva, contrário ao golpe, teria sido responsável por fazer uma reformulação de
esquerda no currículo da Aman (7:40). O general Valério Stumpf seria,
acompanhem comigo, amigo de infância do AGU de Bolsonaro, que, por sua vez,
virou secretário-geral da presidência do STF.
Se algum leitor de esquerda se animou com a
revelação desse bando de general comuna, esqueçam. Obviamente, ninguém ali era
de esquerda: Figueiredo mentiu que eram, porque estava incentivando uma
insurreição contra o comando do Exército.
No dia seguinte, dia 29 de novembro (vídeo
"Paulo Figueiredo fala da carta dos oficiais superiores pedindo o
reestabelecimento da lei e da ordem"), Figueiredo lembrou que seu avô lhe
contava que "em 64, foram os coronéis que empurraram os comandantes"
(6:20).
De fato, sempre tem um coronel a fim de ser
promovido quando o golpe prender o general legalista. Golpe é sempre sobre
boquinha.
Enfim, muitos generais sabem que Jair não
conspirou apenas contra a democracia brasileira: conspirou contra eles. Eles
sabem o que lhes teria acontecido se o golpe tivesse dado certo.
E os bolsonaristas deveriam saber o que acontece com golpistas fracassados. Você atirou na democracia, filho. Você errou. Agora é a vez dela.
Um comentário:
O colunista está totalmente errado na sua frase "Pois bem, Jair: quando você propôs a minuta aos chefes das Forças Armadas, você deu a ordem para que os tanques fossem para a rua."
O miliciano Jair Bolsonaro é criminoso e golpista, mas não deu tal ordem.
Postar um comentário